'Sou insuspeito de ter simpatia ou envolvimento com PT', diz Gilmar Mendes
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes classificou a si mesmo e seu colega Kassio Nunes Marques como "insuspeitos" de terem qualquer envolvimento com o PT (Partido dos Trabalhadores). A Segunda Turma julga hoje a suspeição do ex-ministro Sergio Moro.
"Eu falo isso com a maior tranquilidade, porque, diferentemente da ministra Cármen Lúcia, do ministro Ricardo Lewandowski do ministro Edson Fachin, eu não cheguei aqui, como todos sabem, pelas mãos do Partido dos Trabalhadores. Eu era considerado, como todos sabem, um tipo de opositor de algumas práticas do Partido dos Trabalhadores."
O ministro fazia referência às indicações dos ministros à Corte. Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski foram indicados pelo ex-presidente Lula, enquanto Edson Fachin foi indicado por Dilma Rousseff. Mendes, por outro lado, foi indicado em 2002 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.
E acrescentou enquanto proferia seu voto: "A imprensa chegou a dizer que eu liderava uma bancada de oposição no Supremo Tribunal Federal, apontando que faltava oposição ao governo do Partido dos Trabalhadores."
Eu sou insuspeito nessa matéria, agora também como o ministro Kassio [Nunes Marques] que chega mais recentemente, de ter simpatia, envolvimento, com o Partido dos Trabalhadores.
Gilmar Mendes, ministro do STF
Nunes Marques foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), após a saída do ministro Celso de Mello no ano passado.
"Não obstante eu sempre soube distinguir o que é ser adversário do que é ser inimigo", acrescentou dizendo que já ter repetido esta afirmação diversas vezes aos membros do PT. "A democracia exige a existência de oposição, de adversidade. Mas ela não convive, e não pode tolerar, com um modelo do 'amigo-inimigo'."
Quem está na oposição hoje pode se tornar poder amanhã. Para isto é preciso que ele subsista, e não que ele seja destruído.
Gilmar Mendes, ministro do STF
O julgamento
A Segunda Turma do STF decidiu retomar o julgamento de suspeição do ex-juiz Sérgio Moro, impondo uma derrota ao ministro Edson Fachin que pedia o adiamento. Fachin tentava tirar o processo de análise e chegou a pedir ao presidente do Supremo, Luiz Fux, uma decisão para adiar o julgamento, mas não foi atendido.
Ontem, Fachin anulou todas as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e remeteu esses processos da Lava Jato à Justiça Federal do Distrito Federal. Ainda não foram distribuídos, mas os dois casos relacionados ao Instituto Lula, Sítio de Atibaia e Tríplex do Guarujá vão tramitar ou na 10ª Vara ou na 12ª Vara da capital.
O habeas corpus da defesa de Lula estava sob vistas de Mendes desde dezembro de 2018. Além de Fachin, Cármen Lúcia votou a favor do ex-juiz Sergio Moro. Gilmar Mendes foi o primeiro a votar no julgamento de hoje, em favor da suspeição do ex-juiz Sergio Moro. Em seguida será a vez de Ricardo Lewandowski e Kassio Nunes Marques.
A Segunda Turma, presidida por Gilmar Mendes, é onde correm os processos relacionados à Lava Jato.
À época do pedido de suspeição, em 2018, a Turma ainda contava com Celso de Mello, que se aposentou ano passado. Ele foi substituído por Nunes Marques, indicado por Bolsonaro.
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