Brêtas rebate ataques de Gilmar aos atos na Lava Jato: 'Lisura no trabalho'
O juiz federal Marcelo Brêtas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro — responsável pela filial fluminense da Lava Jato —, rebateu os ataques do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes sobre um suposto "escândalo" capaz de fazer "corar frade de pedra" dentro da força-tarefa.
Em uma publicação escrita hoje no Twitter, Brêtas negou "veementemente" as supostas irregularidades apontadas pelo ministro do STF no julgamento que apura se o ex-juiz federal Sérgio Moro agiu de forma parcial contra o ex-presidente Lula nos processos em que o ex-presidente era investigado na Lava Jato, em Curitiba.
"Como Juiz Federal há mais de 23 anos, 6 dos quais como titular da 7ª Vara Federal no Rio de Janeiro, e com a consciência tranquila da lisura do trabalho ali desempenhado, NEGO VEEMENTEMENTE qualquer suposta irregularidade". Marcelo Bretas, juiz responsável pela filial da Lava Jato no Rio
Segundo Mendes, o modelo de atuação da Lava Jato é "ativo e persecutório" e que, no meio judicial, existem "episódios sobre os quais se fala dessa 7ª Vara do Rio de Janeiro", da qual Brêtas é o juiz titular.
"Não sei por que esse escândalo ainda não veio à tona, mas o que se fala em torno dessa 7ª Vara é de corar também frade de pedra", disse o ministro sem citar Brêtas diretamente, mas a vara federal dirigida por ele.
A expressão "corar frade de pedra", utilizada por Gilmar Mendes, é portuguesa, e significa "envergonhar seres inanimados", o equivalente a uma "grande vergonha". O mencionado frade de pedra é um tipo de um marco usado para delimitar calçadas com acabamento arredondado na ponta que lembra o capuz de um frade.
A Lava Jato do Rio é responsável pelas mais de 15 condenações do ex-governador do RJ Sérgio Cabral, cujas penas totalizam atualmente 342 anos de prisão.
Gilmar Mendes cita advogado para criticar novamente 7ª Vara do Rio
Em comentário feito durante o voto de Lewandowski , Gilmar Mendes elogiou a decisão de ontem (9) de Edson Fachin, que julgou a 13ª Vara Federal de Curitiba incompetente para julgar Lula, "pois põe cobro a um festival de abusos. Isto era algo elástico, flexível. Cabia tudo na vara de Curitiba" e criticou a 7ª Vara Criminal do Rio de Janeiro novamente.
"Nessa 7ª Vara do Rio de Janeiro nós temos tido casos que também têm que ser retirados, porque também ela se tornou algo espiritual. Corrupção na Justiça Estadual vai para a Justiça Federal, para a 7ª Vara, que está extremamente mal falada. Não sei se ouviram sobre um personagem chamado Nythalmar [Filho], um advogado que liderava as delações até determinado momento e depois se tornou uma figura espúria e veio reclamar no STJ? Por isso tenho dito para eles, para os colegas do Conselho da Justiça Federal e do STJ: façam alguma coisa, antes que a Justiça se comprometa de forma indelével".
O advogado citado por Gilmar Mendes é acusado de dizer ser próximo de Brêtas e vender facilidades para investigados na Lava Jato do Rio de Janeiro. Advogados o acusaram de cooptar clientes de forma antiética.
Depois de ter atuado como advogado em vários processos da Lava Jato do Rio, o advogado passou a ser investigado pela operação.
'Maior crise que se abateu sobre a Justiça Federal'
O ministro Gilmar Mendes classificou hoje que a situação envolvendo a Operação Lava Jato como "a maior crise que já se abateu sobre a Justiça Federal". A declaração foi feita no dia em que a suspeição do ex-ministro Sergio Moro está sendo julgada pela Segunda Turma.
"Essa é a maior crise que já se abateu sobre a Justiça Federal desde a sua refundação. Sem dúvida nenhuma", disse o ministro do STF.
Mendes acredita que a crise gerada em torno da força-tarefa pode ser uma oportunidade de reformular a Justiça Federal.
"Talvez seja a salvação hoje da Justiça Federal que está vivendo uma imensa crise a partir deste fenômeno de Curitiba que se nacionalizou. O juízo de Curitiba, nós vamos analisar, se tornou um juízo universal", avaliou o magistrado.
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