Bolsonaro exonera Fábio Wajngarten da Secretaria de Comunicação Social
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) exonerou Fábio Wajngarten do cargo de Secretário Especial de Comunicação Social (Secom), vinculado ao Ministério das Comunicações. O decreto foi publicado no Diário Oficial da União na madrugada de hoje, tendo como data retroativa a de ontem.
No lugar de Wajngarten, Bolsonaro nomeou o almirante Flávio Augusto Viana Rocha para chefiar o cargo interinamente, que agora acumula com o comando da Secretaria de Assuntos Estratégicos.
O empresário assumiu o comando da Comunicação do governo Bolsonaro em abril de 2019, deixando o cargo por cinco meses em 2020 para exercer o posto de secretário-executivo no Ministério das Comunicações. Ele retornou à chefia da Secom em novembro.
No período em que exerceu a função de secretário-executivo, Wajngarten continuou com ações ligadas à Secom, apesar de ter outras atribuições.
Polêmicas
Sob comando de Wajngarten, a Secom se acostumou a fazer uso político de canais oficiais e a acumular polêmicas nas redes sociais, com ataques a terceiros e debates inflamados para defender ou exaltar o bolsonarismo.
Os atritos desgastaram a imagem do empresário, mas ele se manteve no cargo até Bolsonaro, sob pressão, recriar o Ministério das Comunicações. O presidente então alçou a ministro o deputado Fábio Faria (PSD-RN), membro do centrão e considerado quadro mais moderado e aberto ao diálogo.
Considerado um "olavista" (admirador do ideólogo de direita Olavo de Carvalho), Wajngarten era um dos sobreviventes da ala ideológica. Esse núcleo que vem sendo desmontado no governo desde que Bolsonaro se aliou ao centrão (bloco parlamentar informal que costuma remar de acordo com a maré).
Segundo a jornalista Carla Araújo, colunista do UOL, interlocutores do presidente afirmaram que Wajngarten nunca entendeu bem o relacionamento com a imprensa e que, desde a chegada do ministro Fábio Faria, os atritos aumentaram.
Nas últimas semanas, o governo enfrentou uma série de problemas de comunicação, como a troca no comando da Petrobras. Além disso, as ações de combate no setor à pandemia foram alvo de críticas de diversos ministros e já havia uma pressão por mudanças há algum tempo.
Outra polêmica foi a festa de aniversário promovida em novembro de 2020 em meio à pandemia. Wajngarten comemorou em Maresias (SP) o aniversário de 45 anos. Entre os convidados estavam o ministro das Comunicações, Fábio Faria, o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), Jorge Oliveira, e o jogador Felipe Melo, atleta do Palmeiras que se declara apoiador do governo Bolsonaro.
Wajngarten também foi alvo de um suposto conflito de interesses. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o então chefe da Secom recebia, por meio de uma empresa da qual é sócio, dinheiro de emissoras de televisão e de agências de publicidade contratadas pela própria secretaria, ministérios e estatais do governo federal.
Novo secretário é "sombra" de Bolsonaro
Amigo de Jair Bolsonaro e apelidado de a "sombra do presidente", Flávio Augusto Viana Rocha, almirante de esquadra da Marinha teve uma ascensão meteórica dentro do Palácio do Planalto.
Rocha chegou à cúpula do Executivo federal no começo do ano e, pouco depois, foi designado para comandar a SAE (Secretaria de Assuntos Especiais), pasta que passou a ser subordinada diretamente à Presidência em fevereiro de 2020.
A promoção ocorreu no período em que os militares começaram a isolar politicamente bolsonaristas tidos como a ala ideológica do governo. As mudanças iniciais dentro da Casa Civil, comandada pelo general Braga Netto desde fevereiro. Antes, o órgão estava sob chefia de Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que havia se cercado de adeptos do ideólogo e guru da direita conservadora Olavo de Carvalho.
Nos bastidores, Rocha atua como um dos principais conselheiros de Bolsonaro e tem acesso livre ao gabinete presidencial. Além disso, costuma participar de todas as reuniões estratégicas, mesmo aquelas que não tem necessariamente a ver com as atribuições da SAE. Foi por esse motivo que ele ganhou o apelido de "sombra".
Com informações de Guilherme Mazieiro e Hanrrikson de Andrade, do UOL, em Brasília.
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