Kakay: 'Lava Jato tem mercado de delação; advogados devem ser investigados'
Advogado criminalista, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, denuncia a existência de um "mercado de delações" ao longo da Operação Lava Jato. No Baixo Clero #79, ele cobra investigação de juízes, procuradores e até de advogados ligados às investigações.
"Eu falo isso há seis anos: existia um mercado de delação. Eu mesmo tive um cliente que me chamou e disse: 'Kakay, eu te paguei, confio em você, mas recebi a notícia que devo procurar o advogado tal, ligado ao procurador tal e, aí, vou conseguir sair", diz o advogado (veja a partir de 27:10 no vídeo acima).
Kakay questiona o fato de este mercado de delações ser "público" em Curitiba e que a imprensa "contribuía para isso". Segundo ele, as delações tinham como fim chegar a nomes de impacto para a operação, como o do ex-presidente Lula.
A mudança só ocorreu na última instância da Justiça. "Quando chegou ao Supremo (STF), as coisas começaram a ser enfrentadas dentro do direito constitucional. As delações tiveram um enfrentamento mais sério", afirma (ver a partir de 26:45 no vídeo acima).
Em sua participação, o criminalista destaca a comprovação de que o ex-juiz Sergio Moro "produzia provas" com os procuradores do Ministério Público de Curitiba.
Também cobra uma apuração rígida e ampla de tudo o que aconteceu na trajetória da Lava Jato. "Digo mais: advogados que trabalhavam em delação também devem ser investigados, porque faziam parte deste conluio", afirma (ver a partir de 15:10 no vídeo acima).
Ele considera como "técnica" a decisão do ministro Edson Fachin ao considerar a 13ª Vara de Curitiba incompetente para julgar o ex-presidente Lula, o que causou a anulação todas as suas condenações.
"Moro cometeu uma série de abusos que prejudicou enormemente o sistema de Justiça. Ele pegou casos porque tinha interesse político", diz (assista a partir de 44:00 no vídeo acima).
Agora, para ele, as provas usadas para incriminar e condenar Lula serão, a partir deste momento, analisadas como provas contra Moro e os procuradores da Lava Jato, como Deltan Dallagnol.
"Quatro ex-presidentes da associação dos procuradores da República fizeram uma carta duríssima pedindo a investigação dos procuradores. Esses procuradores [de Curitiba] não representam o Ministério Público", afirma (veja a partir de 40:50 no vídeo acima).
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