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'Alergia à democracia', diz Doria após Bolsonaro ameaçar acionar militares

Doria e Bolsonaro têm posições antagônicas sobre o isolamento social - Reprodução/Redes Sociais e Marcos Corrêa/PR
Doria e Bolsonaro têm posições antagônicas sobre o isolamento social Imagem: Reprodução/Redes Sociais e Marcos Corrêa/PR

Do UOL, em São Paulo

24/04/2021 17h35Atualizada em 24/04/2021 17h47

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), comentou hoje as declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a possibilidade de acionar as Forças Armadas contra as medidas restritivas adotadas por governadores e prefeitos como forma de combate à pandemia de covid-19.

Aliado de Bolsonaro durante a campanha de 2018 e atual adversário político do presidente, Doria criticou o que considerou uma declaração antidemocrática. O governador fez a afirmação ao jornal O Globo.

A postura demonstra mais uma vez o quanto Bolsonaro tem devoção pelo autoritarismo e alergia à democracia. Ele selou um pacto com a morte que só não é maior no Brasil por conta da ação de governadores e prefeitos.
João Doria, governador de São Paulo

A declaração de Doria mantém o tom de confronto que o governador paulista tem adotado contra Bolsonaro, principalmente durante a pandemia. Possível concorrente ao Palácio do Planalto no ano que vem, Doria vem rivalizando com o presidente e os dois demonstram posições antagônicas sobre o isolamento social.

Enquanto Doria e demais governadores adotam medidas restritivas para tentar conter a velocidade de propagação do novo coronavírus, Bolsonaro alega que as ações caracterizam um cerceamento à liberdade da população.

Até hoje, porém, a OMS (Organização Mundial da Saúde) continua apontando o isolamento e o distanciamento sociais, o uso de máscaras, e a correta higienização das mãos como as principais medidas de combate à covid-19, que não tem tratamento com eficácia comprovada cientificamente.

Nas últimas semanas, o Brasil viu a explosão no número de casos e mortes em decorrência da doença. Há 38 dias, desde 17 de março, o índice de mortes diárias tem se mantido acima de 2.000.

Bolsonaro fala em "caos"

A afirmação de Bolsonaro sobre acionar os militares foi feita em entrevista concedida à TV A Crítica, no Amazonas. O presidente não especificou o que espera para tomar tal atitude, mas falou em "caos" e "fome" como possíveis motivos.

O que eu me preparo, não vou entrar em detalhes... O caos no Brasil. Já falei que essa política do lockdown, do toque de recolher, essa política de 'fique em casa'... Isso é um absurdo.
Jair Bolsonaro, presidente da República

Bolsonaro se referiu a fazer cumprir o artigo 5º da Constituição Brasileira, que diz que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade".

O presidente também falou sobre a decisão tomada em abril do ano passado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que não impediu o governo federal de tomar ações sobre a pandemia, mas garantiu aos estados e municípios a autonomia para tomarem suas próprias decisões regionais.

"Eu não posso extrapolar, e isso alguns querem que a gente extrapole [a decisão do STF]. Eu estou junto com meus 23 ministros, você pega da Damares ao Braga Netto, todos, 23, praticamente conversados sobre isso aí, o que fazer se um caos generalizado se instalar no Brasil pela fome, pela maneira covarde como alguns querem impor essas medidas", afirmou.