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Flávio Bolsonaro: mulher não faz questão de estar em CPI; senadora rebate

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

27/04/2021 12h20Atualizada em 27/04/2021 16h19

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), afirmou hoje que as mulheres "já foram mais respeitadas e mais indignadas" e "não fazem nem questão de estar" na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid.

Para ele, as mulheres se "conformam em acompanhar os trabalhos à distância". Nenhuma senadora foi indicada pelos líderes partidários para compor a CPI da Covid dentre os 18 titulares e suplentes.

"Em primeiro lugar, acho que as mulheres já foram mais respeitadas e mais indignadas, né? Estão fora da CPI e não fazem nem questão de estar nela. Se conformam em acompanhar os trabalhos à distância", disse Flávio Bolsonaro.

A líder do bloco Senado Independente, Eliziane Gama (Cidadania-MA), reagiu fortemente à fala de Flávio e disse que as mulheres têm "se indignado" perante assuntos políticos, incluindo a condução da pandemia pelo governo federal. Ela também anunciou que, mesmo não sendo membro da CPI, pretende acompanhar todas as reuniões.

"Quero dizer que eu, Eliziane Gama, e nenhuma das senadoras vamos admitir ironia machista em relação às mulheres. Estamos aqui, vamos participar ativamente e teremos nosso protagonismo nesta Casa", declarou.

Flávio reclamou de ter sido acusado de machismo, a seu ver, e disse querer ver "essa energia" para a inclusão de mulheres na CPI. Eliziane argumentou que ele fez essa defesa por mulheres na comissão com ironia.

As mulheres compõem 51,8% da população brasileira enquanto os homens são 48,2%, de acordo com dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) 2019 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Das 81 vagas no senado, 12 pertencem a mulheres. E, na Mesa Diretora da Casa, de seus 11 membros atuais, a única senadora é Eliziane Gama, como suplente.

Recentemente, a bancada feminina no Senado articulou a criação de uma liderança própria para que as mulheres tenham mais espaço na Casa. A ideia é que tenham mais poder de decisão não apenas em projetos ligados à pauta feminina, mas também de qualquer cunho, como econômico. A líder da bancada é a senadora Simone Tebet (MDB-MS).

"Palanque político com caixões"

Em crítica direta à CPI, Flávio Bolsonaro também disse que vê a Comissão no Senado como um "palanque político" feito em cima dos "caixões de quase 400 mil mortes", em referência às mais de 392 mil mortes já confirmadas pela covid-19 no país.

"Quantas vacinas esta CPI vai conseguir aplicar nos braços dos brasileiros? Qual é a vontade ou a ajuda que esta CPI vai dar nesse momento?", questionou o senador.

O filho do presidente da República ainda criticou a escolha de Renan Calheiros (MDB-AL) como relator da CPI. Flávio disse que o parlamentar "deveria se considerar suspeito, já que possui um filho que é governador de estado [Renan Filho (MDB), governador de Alagoas]".

"Obviamente que ele é uma pessoa que tem entendimento para estar na CPI, mas eu como sendo filho do presidente, apesar de ser senador também, tenho bom senso e não me mataria para estar nessa CPI. O senador Renan deveria fazer o mesmo", declarou.