'Tudo bandido', diz Mourão sobre mortos em operação no RJ sem exibir provas
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou hoje que os 24 moradores mortos em ação policial na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, são todos "bandidos", mas não apresentou provas para a sua afirmação. Na manhã de hoje, momento da afirmação de Mourão, ainda não era possível saber se todos os mortos tinham passagem pela polícia. A Defensoria Pública do Rio de Janeiro já anunciou que fará uma petição ao STF (Supremo Tribunal Federal) questionando a legalidade da operação.
"Tudo bandido. Entra um policial numa operação normal, leva um tiro na cabeça de cima de uma laje. Lamentavelmente essas quadrilhas do narcotráfico são verdadeiras narcoguerrilhas", disse Mourão. "É um problema sério do Rio de Janeiro que nós vamos ter que resolver um dia ou outro", completou.
A operação policial realizada no Jacarezinho ontem foi a mais letal da história do Rio de Janeiro, segundo estudo feito pelo Geni (Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos) da UFF (Universidade Federal Fluminense) a pedido do UOL.
Diversas fotos e vídeos de corpos de vítimas da operação circulam nas redes sociais. Em uma delas, é possível ver um morto acomodado em uma cadeira de plástico com o dedo na boca.
A esposa de Jonas do Carmo dos Santos, de 32 anos, denunciou ao UOL que o marido foi executado enquanto estava indo comprar pão. A família afirma que Jonas não "estava devendo nada à Justiça" e que já teve envolvimento com o tráfico, mas agora trabalhava como pedreiro e pizzaiolo.
O Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos pediu que investigações imparciais e independentes sejam abertas sobre a ação. Em coletiva de imprensa, o porta-voz da organização, Ruppert Colville, criticou a violência da operação e disse que o caso confirma a tendência de uso excessivo da força por agentes policiais.
A ONU também criticou o fato da polícia não ter atuado para preservar evidências nos locais dos crimes, o que pode prejudicar as investigações.
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