Cena de ontem não é aceitável, diz Paes sobre operação que matou 25 no Rio
A operação policial que terminou com a morte de 25 pessoas na comunidade do Jacarezinho, zona norte do Rio, foi descrita pelo prefeito Eduardo Paes (PSD) como o reflexo da ausência de políticas públicas e da exposição de agentes públicos. Na visão do gestor, a ação policial mais letal da história do Rio "não é aceitável".
A gente não pode achar que é normal, em qualquer lugar minimamente civilizado. 25 pessoas podem ser, eventualmente, de fato criminosas, mas que isso aconteça não é algo normal. Tenho absoluta certeza que isso é fruto de políticas públicas inexistentes, equivocadas, que colocam agentes públicos em risco e setores marginais que tomem conta do território da cidade
Eduardo Paes (PSD), prefeito do Rio de Janeiro
Antes de Jacarezinho, a ação mais letal em número de vítimas havia sido registrada em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, em 1998, quando 23 pessoas foram mortas.
A Chacina de Vigário Geral, em 1993, quando 21 pessoas foram mortas, também fica atrás do que aconteceu em Jacarezinho, assim como o que ocorreu no complexo do Alemão, em 2007, na qual uma operação policial deixou 19 mortos.
Em todo o estado do Rio de Janeiro, a maior chacina foi registrada na Baixada, em 2005, quando um grupo de policiais que atuava em uma espécie de grupo de extermínio assassinou 29 pessoas, incluindo mulheres e crianças que viviam nos municípios de Nova Iguaçu e Queimados.
Sem citar diretamente o ex-governador Wilson Witzel, Paes afirma que o Brasil vive um "radicalismo de visões". Para o prefeito, de um lado estão os que apoiaram "um sujeito" que fala em "dar tiro na cabecinha" — em referência ao governador afastado — como algo normal, e do outro está a "alta Corte do país" dizendo que o estado não pode mais "fazer valer a lei".
E a gente vai vivendo essas visões radicais. Se a reação à operação de ontem for tão radical como a ação de ontem, no sentido inverso, nós vamos viver esse pêndulo horrível que vitima principalmente as pessoas que moram nessas comunidades
Eduardo Paes (PSD), prefeito do Rio de Janeiro
Versão da Polícia Civil
Ontem o UOL questionou a Polícia Civil do Rio de Janeiro sobre o caso e a corporação responsabilizou o "ativismo judicial" pela morte do agente André Frias.
"O sangue desse policial que faleceu em prol da sociedade de alguma forma está nas mãos dessas pessoas e entidades", disse o delegado Rodrigo Oliveira, subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Polícia Civil.
O delegado Felipe Curi do DGPE (Departamento Geral de Polícia Especializada) se referiu aos suspeitos mortos pela operação como "homicidas", justificando que eles foram atingidos em troca de tiros com os agentes da polícia.
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