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Se não respondermos, Bolsonaro não vai parar, diz professor sobre protestos

Do UOL, em São Paulo

26/05/2021 13h39Atualizada em 26/05/2021 14h09

O professor da FGV-SP Fernando Abrucio defendeu hoje manifestações contra o governo Jair Bolsonaro (sem partido) que começaram hoje e devem seguir no sábado (29). Não há consenso político na esquerda quanto à necessidade de promover atos em meio à pandemia.

"Se não respondermos um pouco na linha do Bolsonaro, ele não vai parar, tenho completa certeza disso", afirmou Abrucio ao UOL News. "No ano passado, ele parou quando dois fatos aconteceram: a manifestação da Avenida Paulista pelas torcidas organizados e quando, em 18 de junho, o Fabrício Queiroz foi preso".

O professor comparou a situação atual com a compra de vacinas: "O governo federal não teria comprado vacinas se não houvesse o movimento do governador João Doria (PSDB-SP) de bater de frente com o presidente. Ele só reage desse jeito".

No último domingo (23), Bolsonaro e o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello causaram aglomeração em ato no Rio de Janeiro. O presidente atacou governadores e prefeitos que decretaram restrições devido à pandemia do novo coronavírus e voltou a fazer ameaças em meio a gritos de "Eu Autorizo".

A frase se tornou uma constante em atos pró-Bolsonaro depois que o presidente falou em agir contra medidas de restrição determinadas por governadores e prefeitos para o controle da pandemia.

"É preciso algum tipo de manifestação senão Bolsonaro vai aprofundar o jogo de quebrar todas as etiquetas democráticas", disse o professor da FGV. "É uma questão muito complexa, por um lado tem toda a questão da pandemia e uma possível terceira onda, por outro é preciso lembrar que no ano passado o presidente começou a fazer uma série de manifestações ao seu favor, pensando inclusive no próprio fechamento do STF, e uma das coisas que parou o presidente foi a manifestação da Paulista".

Ele ainda pede que, se houver manifestações, as pessoas usem máscaras e respeitem o distanciamento social "como se fez na Paulista naquele momento".

Frentes e movimentos sociais organizam manifestações contra o governo Bolsonaro para sábado (29) em diversas cidades brasileiras. Pedirão o impeachment do presidente, vacinação mais rápida contra a covid-19 e medidas de proteção social.

A ação conta com o suporte do coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) e da frente Povo sem Medo, Guilherme Boulos (PSOL).

Manifestantes levam boneco inflável gigante de Bolsonaro para Esplanada dos Ministérios, em Brasília - UESLEI MARCELINO/REUTERS - UESLEI MARCELINO/REUTERS
26.mai.21 - Manifestantes levam boneco inflável gigante de Bolsonaro para Esplanada dos Ministérios, em Brasília
Imagem: UESLEI MARCELINO/REUTERS