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Saímos do limite do razoável, diz Santos Cruz sobre Pazuello em ato

Ana Carla Bermúdez, Andréia Martins e Rai Aquino

Do UOL, em São Paulo

28/05/2021 10h16Atualizada em 28/05/2021 12h44

O general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz disse hoje que a versão do ex-ministro Eduardo Pazuello, de que "não foi a um ato político" com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em referência à manifestação com motociclistas, no Rio, sai do "limite do razoável".

"O que está acontecendo é que saímos do limite do razoável e fomos para o limite do absurdo para ter que escutar coisa desse tipo", disse Santos Cruz durante o UOL Entrevista, conduzido pelo apresentador Diego Sarza e pelos colunistas Carla Araújo e Josias de Souza.

Santos Cruz disse que nem Eduardo Pazuello "acredita" na própria versão. "É muito difícil até de comentar uma coisa dessa. Seria uma desconsideração muito grande com ele mesmo se a gente acreditasse nisso. É uma coisa tão infantil, sem cabimento, que a gente fica quase sem reação perante uma coisa dessa para o comandante do Exército."

Ele ainda criticou o presidente Bolsonaro, a quem atribuiu a responsabilidade pelo evento.

Isso [transgressão], se deixar para o Exército, o Exército resolve, coloca as coisas no lugar, não deixa a política afetar a instituição. (...) O problema não é o comandante do Exército. O problema não é nem o general Pazuello, nem a transgressão. O problema se chama presidente da República. Esse é o problema.

Na manifestação, tanto Bolsonaro quando Pazuello quebraram os protocolos sanitários. Questionado pelo Exército sobre sua participação, Pazuello apresentou sua defesa ontem às Forças Armadas e disse "não ter participado de um ato político ao lado do presidente Jair Bolsonaro". Segundo o ex-ministro, ele foi chamado para um passeio de moto e foi surpreendido por um convite do presidente para subir no carro de som.

O Exército abriu um procedimento disciplinar contra Pazuello para apurar as irregularidades de sua participação no ato com Bolsonaro. Sobre se Pazuello deveria receber uma punição do Exército, Santos Cruz disse que não vai "exigir nada, nem dar sugestão sobre o que o comandante do Exército tem que fazer".

"Tem que deixar eles atuarem, não podem ser constrangidos por conta do presidente da República, que não tem noção institucional. Tem que deixar o Exército resolver e fazer o que precisa ser feito, e vai fazer o que precisa ser feito, não tenho dúvida disso. O Exército sempre fez o que precisa ser feito", afirmou.

O general afirma reconhecer no atual governo uma "tentativa muito forte de arrastar as Forças Armadas e o Exército para a política" e também de desmoralizar as instituições.

"Você tem uma sistemática de desrespeito, de desmoralização, e as Forças Armadas estão sofrendo essa tentativa de arrasto para a política, não tenho dúvida disso. As Forças Armadas é uma instituição extremamente importante e ela precisa ser preservada. Não pode ser subvertida na ordem e importância que ela tem", completou.

Santos Cruz, que é ex-ministro da Secretaria de Governo da gestão Bolsonaro, criticou ainda o que chamou de "estímulo ao fanatismo". "Não acredito que essa falta de noção institucional seja só falta de capacidade e despreparo. Essa falta de noção institucional também tem um componente deliberado, esse estímulo ao fanatismo", afirmou.

Para ele, o Brasil "não conseguiu se unir". "Fanatismo não tem saída, fanatismo termina em violência. O fim do filme do fanatismo é sempre violência. Se não for generalizada, ao menos é localizada em algumas reações pessoais ou de pequenos grupos", completou.

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