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Flávio Bolsonaro rebate Witzel sobre influência em hospitais federais do RJ

Flávio Bolsonaro (PSL) e Wilson Witzel (PSC) em evento de campanha eleitoral em 2018 - Reprodução
Flávio Bolsonaro (PSL) e Wilson Witzel (PSC) em evento de campanha eleitoral em 2018 Imagem: Reprodução

Do UOL, no Rio*

17/06/2021 17h53

Após o ex-governador do Rio Wilson Witzel (PSC) insinuar em depoimento à CPI da Covid que o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) seria o "dono" dos hospitais federais do Rio de Janeiro, o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) rebateu o antigo aliado.

A informação de que Witzel afirmou a membros da CPI que irá entregar documentos para provar a suposta influência de Flávio Bolsonaro sobre as unidades foi vazada hoje para a imprensa (17). Witzel atribuiu ao senador a indicação de diretores dos hospitais, entre outros cargos, segundo informaram veículos de imprensa.

Questionado hoje sobre essas informações, Flávio atacou Witzel, chamando o ex-juiz federal de "criminoso", "mentiroso" e afirmando que ele é uma pessoa doente. O senador também negou ser o responsável por indicações na rede hospitalar federal do Rio.

"Além de criminoso, ele é um grande mentiroso. Não tenho nenhuma responsabilidade sobre as indicações aqui dos hospitais federais aqui do Rio de Janeiro. Não mando em absolutamente nada. Se me perguntar o nome de um diretor de hospital federal não vou saber te dizer, porque eu não conheço. Ele cria uma fantasia na cabeça dele e passa a acreditar naquilo. Isso é um sintoma de doença", disparou.

O vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que as declarações de Witzel à comissão abrem uma nova investigação. "Descobrimos hoje com o depoimento do governador Witzel que tem atuação miliciana em hospitais do Rio de Janeiro. E, em decorrência disso, ele declinou para nós o conjunto de cinco empresas, que no dizer do senhor ex-governador, são empresas que têm dono e que lucram às custas das mortes", disse Randolfe.

Flávio Bolsonaro lembrou ainda que Witzel deixou ontem (16) a CPI após a 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro torná-lo réu pelas denúncias de corrupção na saúde do estado durante a pandemia —as mesmas que levaram ao seu afastamento do cargo.

O senador jogou a responsabilidade pelas mortes pelo novo coronavírus para Witzel e disse que irá processá-lo caso realmente faça as acusações à CPI.

"Ele tenta criar uma narrativa para que o assunto fique sendo remoído na CPI, desgastando o nome meu e o presidente Bolsonaro (...) Esse cara roubou em plena pandemia, isso é um assassino. Ele tem responsabilidade, sangue nas mãos por causa dessas quase 500 mil pessoas que já foram vítimas da covid. Agora ele vai ter que provar. Porque se não provar vai ter que pagar indenização, porque vou processá-lo pelo que está fazendo", completou.

Apesar de Flávio relacionar Witzel a mortes em decorrência da covid-19, críticos do governo Bolsonaro responsabilizam o presidente por falhas na condução da pandemia, que já deixou quase 500 mil no Brasil —os problemas também são alvo de investigação da CPI da Covid.

O senador deu uma rara entrevista coletiva na saída de um almoço com membros da Asserj (Associação dos Supermercados do Estado do Rio de Janeiro), do qual o presidente também participou.

O evento aconteceu no Hotel Windsor, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, e contou com a participação de cerca de cem empresários, além do governador Claudio Castro (PSC) —que assumiu o lugar de Witzel e é aliado do clã Bolsonaro.

*Herculano Barreto Filho e Igor Mello, do UOL, no Rio