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Flávio Bolsonaro quer que Renan seja destituído da relatoria da CPI

Thaís Augusto e Luciana Amaral

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

18/06/2021 15h30Atualizada em 18/06/2021 18h59

O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) pediu hoje a destituição de Renan Calheiros (MDB-AL) do cargo de relator da CPI da Covid, que investiga ações e omissões do governo federal na pandemia, fora o mau uso de verbas federais repassadas a estados e municípios.

O filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou a ausência de Renan durante o depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito hoje dos médicos Ricardo Ariel Zimerman e Francisco Eduardo Cardoso Alves, que defendem o chamado tratamento precoce, sem eficácia comprovada contra a covid-19.

"Como não sou membro nem suplente da CPI, queria solicitar para alguém que fosse que protocolasse um requerimento de destituição de Renan Calheiros da CPI. Tudo aquilo que discutimos [impedimento de Renan ao cargo] se confirmou com fatos reais. Essa postura do senador se levantar é um desrespeito não só às pessoas que estão aí, mas um desrespeito ao Senado e aos membros da CPI", afirmou Flávio.

"Essa é a constatação, o carimbo na testa de que ele não tem a menor possibilidade de continuar na relatoria", continuou. "É claro e evidente que ele não respeita o contraditório. Ele já tem uma opinião preconcebida, como discutíamos antes da CPI".

Procurada pelo UOL, a assessoria do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), responsável pela indicação de Renan como relator, afirmou entender que "regimentalmente o ato de indicação do relator é privativo do presidente".

"Creio que para destituir o relator, só se for votada a destituição do presidente. Após isso, o novo presidente eleito poderia designar um novo relator. Não cabe votação de requerimento de destituição do relator, porque o regimento é claro no sentido de que é o presidente exclusivamente que indica o relator", completou.

Renan justificou sua saída da sessão da CPI hoje por causa de fala do presidente Bolsonaro em live publicada ontem nas redes sociais. Bolsonaro voltou a defender a imunidade de rebanho e disse que teria imunidade natural após contrair o vírus no ano passado.

"Em função desse escárnio, me recuso a fazer hoje qualquer pergunta aos depoentes, com todo o respeito. Não dá para continuar nessa situação, a CPI tem o papel de dissuadir práticas criminosas como essa do presidente da República e ele continua a fazê-lo em desrespeito a uma instituição da república, que é a CPI", disse o relator.

Nas redes sociais, ele acrescentou, em tom de ironia. "Sobre minha decisão de não inquirir quem defende a cloroquina como cura para a covid-19: eu também não interrogaria um astrônomo sobre se a Terra é plana. É o mesmo critério."

A atitude de Renan também foi criticada pelos senadores Luis Carlos Heinze (PP-RS) e Marcos Rogério (DEM-RO).

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.