Topo

Esse conteúdo é antigo

Ministério da Saúde registrou negociação de vacina com reverendo, diz TV

Fachada do Ministério da Saúde na Esplanada dos Ministérios - Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Fachada do Ministério da Saúde na Esplanada dos Ministérios Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo

05/07/2021 23h54

A negociação de vacinas contra a covid-19 feita por um reverendo em nome do Ministério da Saúde foi formalmente registrada no site oficial da pasta. A informação é do Jornal Nacional, da TV Globo.

Segundo a reportagem, a tratativa foi registrada no sistema no dia 10 de março deste ano, apenas um dia depois do diretor de imunização do Ministério da Saúde, Laurício Cruz dar o aval para que o reverendo Amilton Gomes de Paula representasse o governo nas negociações.

Amilton é da Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários), que apesar do que o nome possa levar a entender, é uma instituição privada. Até 2020, a Senah se chamava Senar (Secretaria Nacional de Assuntos Religiosos).

Laurício autorizou que Amilton conduzisse as negociações com o objetivo de comprar 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca, que eram oferecidas pela Davati Medical Supply. O diretor de imunização comunicou a representação a Hernan Cardenas, presidente da Davati, com quem trocou uma série de e-mails.

Inicialmente agradecemos a disponibilidade da Senah, representada por sua pessoa (...) Na apresentação da proposta comercial para fornecimento de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca. Todos os processos de aquisição de vacinas no âmbito do Ministério da Saúde estão sendo direcionados pela Secretaria Executiva."
Trecho de e-mail enviado por Monteiro Cruz, diretor de Imunização do Ministério da Saúde.

O policial militar e suposto representante da Davati, Luiz Dominghetti, relatou à Folha de S.Paulo um esquema de corrupção na compra de 400 milhões de doses de vacinas da AstraZeneca. Ele disse que o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, cobrou propina de US$ 1 por dose de vacina. A versão foi reforçada em seu depoimento na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid.

A AstraZeneca nega que a Davati a represente. A empresa já chegou a ser desautorizada pela farmacêutica no Canadá.

Por meio de nota, a Davati informou não ser representante do laboratório AstraZeneca. "[A emrpesa] jamais se apresentou ao governo federal ou a qualquer outro órgão como tal. Como esclarece o documento de oferta (Full Corporate Offer) feita ao Ministério da Saúde, a Davati Medical Supply não detinha a posse das vacinas, atuando na aproximação entre o governo federal e "allocation holder" que possuía créditos vacinas do laboratório AstraZeneca".