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Exonerado diretor da Saúde que teria autorizado reverendo a negociar vacina

Lauricio Monteiro Cruz foi exonerado de cargo de diretor no Ministério da Saúde - Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Lauricio Monteiro Cruz foi exonerado de cargo de diretor no Ministério da Saúde Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo

08/07/2021 07h25Atualizada em 08/07/2021 10h47

O Governo Federal exonerou Lauricio Monteiro Cruz do cargo de diretor do departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde. A decisão foi publicada no DOU (Diário Oficial da União) de hoje e é assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, o general do Exército da reserva Luiz Eduardo Ramos.

Reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, mostrou que Lauricio Monteiro Cruz deu aval para que o reverendo Amilton Gomes de Paula, que preside a Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (ou Senah), negociasse a compra de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca em nome do governo brasileiro com a empresa Davati Medical Supply.

Segundo a reportagem, Monteiro Cruz enviou e-mail no dia 23 de fevereiro e tendo como assunto principal: "lista de presença e carta de proposta para fornecimento".

Inicialmente agradecemos a disponibilidade da Senah, representada por sua pessoa (...) Na apresentação da proposta comercial para fornecimento de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca. Todos os processos de aquisição de vacinas no âmbito do Ministério da Saúde estão sendo direcionados pela Secretaria Executiva Trecho de email enviado por Monteiro Cruz, diretor de Imunização do Ministério da Saúde

Nove dias depois, no dia 4 de março, o reverendo publicou a foto de uma reunião no Ministério da Saúde. O diretor da pasta aparece na imagem, ao lado dele.

Ainda de acordo com a reportagem, Monteiro Cruz enviou e-mail para o presidente da Davati nos Estados Unidos, Hernan Cardenas, no dia 9 de março.

"Informo que o Instituto Nacional de Assuntos Humanitários, representado pelo seu presidente Amilton Gomes, esteve no Ministério da Saúde em agenda oficial da Secretaria de Vigilância em Saúde e no Departamento de Logística com a discussão sobre as tratativas sobre a vacina da AstraZenica (sic) e que o mesmo foi encaminhado para a Secretaria Executiva do Ministério da Saúde."

Em um dos e-mails, em 10 de março, o reverendo enviou mensagem para o presidente da Davati nos Estados Unidos. E, em inglês, agradece a "confiança depositada em nossa instituição em conduzir negociações com o Ministério da Saúde do Brasil". No fim, ele cita ainda que o valor acordado na reunião do dia 05 de março foi US$ 17,50 por cada dose.

Depoimento de Dominghetti

A referência a Lauricio também ocorreu em depoimento à CPI da Covid de Luiz Paulo Dominghetti, que se apresenta como representante da Davati Medical Supply. Segundo Dominghetti, ele esteve com três servidores da pasta durante as negociações: o então secretário-executivo, Elcio Franco; o diretor de Logística, Roberto Ferreira Dias; e o "seu Lauricio". Dias e Elcio Franco também já foram exonerados.

Dominghetti acusou Roberto Dias de pedir propina de US$ 1 por dose em uma suposta negociação para a aquisição de 400 milhões de unidades da vacina Oxford/AstraZeneca. Em depoimento à CPI, Roberto Dias negou que tenha pedido propina.