Bolsonaro nomeia Ciro Nogueira para Casa Civil e Ramos na Secretaria-Geral
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) oficializou, em decretos publicados no DOU (Diário Oficial da União), a nomeação de Ciro Nogueira para o cargo de ministro da Casa Civil e a ida do antigo chefe da pasta, Luiz Eduardo Ramos, para o comando da Secretaria-Geral da Presidência.
A reforma ministerial já havia sido confirmada ontem e ainda tem como último movimento a recriação do Ministério do Trabalho, que passará a se chamar Ministério do Trabalho e Previdência e será comandado por Onyx Lorenzoni, que assim deixa a Secretaria-Geral.
A ida de Nogueira para a Casa Civil é estratégica para fortalecer o governo no Senado, onde tem perdido apoio com o avanço da CPI da Covid. Ele é presidente do PP (Partido Progressistas), um dos principais partidos do bloco de parlamentares do centrão, que dá sustentação parlamentar ao governo.
Apesar de compor a tropa de defensores do governo na CPI, Nogueira tem evitado embates mais duros, e o governo temia um desembarque do aliado.
O PP também é o partido do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que vem segurando as pressões para a abertura de um processo de impeachment contra Bolsonaro. Há mais de cem pedidos protocolados na Câmara, mas a decisão de abrir um processo depende do presidente da Casa.
Além disso, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), também pertence ao partido. O deputado está na mira da CPI da Covid devido a negócios suspeitos quando era ministro da Saúde ainda na gestão Michel Temer (MDB) e por acusações de que teria atuado para fechar a compra da vacina Covaxin sem aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e com valor acima das concorrentes.
Novo ministro chamou Bolsonaro de 'fascista'
Em 2018, Nogueira apoiou o candidato do PT, Fernando Haddad, no segundo turno das eleições presidenciais. Em 2017, ele chamou Bolsonaro de "fascista" e "preconceituoso" em uma entrevista a um programa da Rede Meio Norte.
"O Bolsonaro, eu tenho muita restrição porque é um fascista. Tem um caráter fascista, preconceituoso. É muito fácil você ir para a televisão dizer que vai matar bandido", disse Nogueira na ocasião.
Em sua live semanal na última quinta-feira (22), Bolsonaro minimizou as declarações de Nogueira e disse que "as coisas mudam".
"Tem vídeo circulando que ele me chamou de fascista lá atrás. Sim, me chamou. As coisas mudam. Eu tinha posições no passado que não assumo mais hoje, mudei", disse Bolsonaro.
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