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CPI quer afastar "capitã cloroquina" de cargo no Ministério da Saúde

Mayra Pinheiro, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, depôs na CPI da Covid, no Senado Federal  - MATEUS BONOMI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO
Mayra Pinheiro, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, depôs na CPI da Covid, no Senado Federal Imagem: MATEUS BONOMI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO

Rayanne Albuquerque e Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

03/08/2021 11h25Atualizada em 03/08/2021 12h44

O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou hoje que o colegiado solicitará à Justiça o afastamento de Mayra Pinheiro, conhecida como "capitã cloroquina", do cargo de secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde.

Ela não tem mais condições de ficar ali. Depois que o Brasil viu, sinceramente, não dá para o ministro Marcelo Queiroga [da Saúde] manter na sua equipe uma pessoa que pensa totalmente diferente da ciência
Omar Aziz, presidente da CPI da Covid

A informação foi confirmada pelo senador na abertura da audiência de hoje, marcada para ouvir o depoimento do reverendo Amilton Gomes de Paula —religioso que teria se envolvido em negociações de vacinas com o governo federal.

O pleito de afastamento de Mayra será encaminhado tanto para a Justiça quanto ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, segundo afirmou Aziz.

Membro da bancada governista na CPI, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) defendeu a servidora do Ministério da Saúde ao dizer que ela, por não ocupar um cargo executivo, não deveria ser afastada.

Após a contraparte dos colegas, Rogério pediu que a Comissão Parlamentar de Inquérito fizesse, em igual medida, um requerimento para afastar Carlos Gabas, presidente do Consórcio Nordeste.

"Aí é a blindagem seletiva", declarou o governista ao ser contrariado no pedido contra o Consórcio que tentou a compra de imunizantes para agilizar a imunização nos estados.

Mayra enviou perguntas aos senadores

Durante a quebra de sigilo de Mayra Pinheiro, a CPI teve acesso a um vídeo em que ela afirma ter enviado perguntas aos senadores que apoiam o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que atuam como membros da CPI.

As negociatas de perguntas ocorreram antes da sessão de depoimento e serviria para que a 'capitã cloroquina' fizesse boas colocações em defensa do tratamento ineficaz com o remédio que lhe rendeu a alcunha de capitã.

O vídeo em questão se trata de um treinamento por videoconferência antes de ser questionada pelos senadores em maio deste ano. Na gravação, aparecem o pesquisador Regis Bruni Andriolo e o também secretário da pasta Helio Angotti Neto.

Mayra não sairá "impune"

Ontem, durante a participação no UOL News, o senador Omar Aziz havia adiantado que Mayra Pinheiro não sairia "impune".

"Aqueles que usam povo do meu estado como cobaia não sairão impunes desta CPI", disse o presidente da CPI da Covid ao citar o caso de Mayra, que defendia o uso de "tratamento precoce" ineficaz para os pacientes diagnosticados com covid-19.

Segundo Aziz, também há vídeos de Mayra falando sobre a divulgação do aplicativo TrateCov no Amazonas.

* Com a colaboração de Gabriel Toueg

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.