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Quem quer paz se prepare para guerra, diz Bolsonaro em evento com atletas

Do UOL, em São Paulo*

01/09/2021 12h15Atualizada em 01/09/2021 15h58

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje, após entregar medalhas de mérito desportivo a atletas olímpicos militares, que uma guerra não se ganha com flores e "quem quer a paz" precisa "se preparar para a guerra".

As afirmações ocorreram depois de um discurso quase todo voltado para a parte esportiva, em evento no Rio de Janeiro. Ao entregar uma medalha especial para o boxeador Hebert Conceição, campeão olímpico em Tóquio, ele se despediu dizendo: "enfia a porrada, guerreiro".

Na sequência, Bolsonaro disse a seguinte frase. "Com flores não se ganha guerra não, pessoal. Quando se fala em armamento, quem quer a paz, se prepare para a guerra".

A frase praticamente encerrou a participação de Bolsonaro e não foi acrescida de nenhuma citação concreta ao que se referia ao formular a afirmação.

Porém, a declaração de Bolsonaro mais uma vez incentivando o armamento e falando em guerra ocorre em um momento de tensão no Brasil com as manifestações de 7 de setembro organizadas por seus apoiadores.

O presidente tem incentivado os protestos do Dia da Independência com discursos muitas vezes considerados golpistas, embora diga que pretende continuar atuando dentro das 4 linhas da Constituição Federal.

Ontem, por exemplo, Bolsonaro disse que "nunca uma outra oportunidade para o povo brasileiro será tão importante" ao se referir ao dia 7 de setembro.

A bandeira inicial das manifestações seria a defesa do voto impresso, defendido por Bolsonaro em meio a alegações infundadas de que urnas eletrônicas são passíveis de fraude. Porém, recentemente o presidente passou a se referir aos protestos, nos quais promete comparecer, como em defesa da liberdade.

O presidente tem atacado o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), por causa da sua inclusão no inquérito das fake news e de prisões recentes de bolsonaristas como o deputado Daniel Silveira e o presidente do PTB, Roberto Jefferson.

Bolsonaro diz que defende uma liberdade de expressão absoluta, ignorando o entendimento majoritário de que os direitos previstos na Constituição não são absolutos quando entram em conflito com outros, cabendo ao juiz sobrepesar caso a caso qual deve prevalecer.

Manifestações geram preocupação

O envolvimento de agentes das forças de segurança, principalmente das Polícias Militares, tem despertado preocupação de diversos atores políticos em relação a uma tentativa de ruptura institucional. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), descartou a possibilidade de investida golpista na data.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afastou o coronel da PM do estado Aleksander Lacerda, que convocou colegas de corporação para os atos bolsonaristas por meio das redes sociais e fez ataques aos membros do Supremo Tribunal Federal (STF), desafetos do presidente. Policiais militares da ativa são proibidos por lei de se envolverem em atividades político-eleitorais.

Economia

Durante o discurso, Bolsonaro não fez referência direta à queda de 0,1% no PIB (Produto Interno Bruto) registrada no segundo trimestre do ano, em relação ao primeiro trimestre. Na única parte dedicada à economia, o presidente repetiu seu discurso criticando as medidas de distanciamento social durante a pandemia do novo coronavírus. Especialistas apontam que o isolamento social é uma ferramenta fundamental de controle da pandemia.

"Devemos nos colocar do outro lado do balcão. Como político também, como o povo está se sentindo. Desde o primeiro dia da pandemia, nunca deixei de estar o meio do povo. Sempre criticado pela mídia, sem máscara. Quem obrigou 38 milhões informais de ficar dentro de casa... Eu tinha que saber como eles sentiam. Buscamos solução e resolvemos criar o auxilio emergencial", disse

*Com informações da Estadão Conteúdo