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PF cumpre mandado de prisão preventiva contra blogueiro bolsonarista

Anna Satie e Gilvan Marques

Do UOL, em São Paulo*

03/09/2021 17h50Atualizada em 04/09/2021 00h24

A Polícia Federal cumpriu hoje mandado de prisão preventiva contra o blogueiro bolsonarista Wellington Macedo de Souza, expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo a PF, a medida, cumprida em Brasília, tem o objetivo de aprofundar investigações em curso nos autos de inquérito que tramita na Corte.

Macedo é um dos alvos do inquérito aberto a pedido da subprocuradora Lindôra Araújo, cerca de duas semanas atrás, para investigar a organização de atos no 7 de Setembro.

A Polícia Federal cumpriu nesta tarde (03) 1 mandado de prisão preventiva expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A medida, cumprida em Brasília, tem o objetivo de aprofundar investigações em curso nos autos de inquérito que tramita naquela Corte"
Trecho da nota divulgada pela Polícia Federal

O blogueiro já havia sido alvo de um mandado de busca e apreensão, autorizado pelo STF, no mês agosto, ao lado do cantor Sérgio Reis, o deputado federal bolsonarista Otoni de Paula (PSC-RJ) e outras oito pessoas.

Segundo informação do jornal "O Globo", a PF busca pelo paradeiro do caminhoneiro bolsonarista Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão, para cumprimento de prisão, solicitada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e determinada pelo ministro Alexandre de Moraes. Zé Trovão é acusado de promover a incitação de atos violentos contra o Congresso Nacional e STF, por meio das redes sociais. Ele teria descumprido ordens cautelares determinadas anteriormente por Moraes.

O advogado Levi de Andrade disse hoje que ainda não teve acesso ao documento, mas adiantou que seu cliente não deve se entregar à PF, pelo menos, até o dia 7 de Setembro.

Vídeo ao lado de Sérgio Reis

Na decisão assinada por Moraes em 18 de agosto, Wellington Macedo é citado como participante de um vídeo ao lado de Sérgio Reis, em que se apresenta como "coordenador nacional da Marcha da Família". Ele também teria divulgado uma chave Pix para receber doações que financiariam uma greve enquanto o Senado não destituísse os ministros do Supremo.

Entre fevereiro e outubro de 2019 ocupou o cargo de assessor da Diretoria de Promoção e Fortalecimento dos Direitos da Criança e do Adolescente no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Ele foi apontado pela PGR como um dos responsáveis pela divulgação de "ato violento e antidemocrático" previsto para o feriado.

Em seu perfil do Twitter, o único que permanece ativo, chegou a publicar sobre as manifestações do feriado: "Se eles não obedecerem o nosso pedido, a cobra vai fumar". Em outra postagem recente, em provável referência ao golpe militar de 1964, escreveu: "Após 57 anos, serão derrotados os que se achavam donos do poder. Poder o povo dá. Poder o povo tira, só o povo é o poder".

Inquérito sobre atos em 7 de setembro

Há duas semanas, a PGR solicitou ao STF a abertura de inquérito contra o cantor Sérgio Reis, o deputado federal Otoni de Paula, o caminhoneiro Zé Trovão e mais sete pessoas, entre elas empresários do agronegócio, classificando como um "levante" os "atos violentos de protesto" que o grupo quer convocar para a véspera do feriado de 7 de setembro.

O advogado Levi Andrade, que representa o caminhoneiro Zé Trovão, disse hoje que o bloqueiro Macedo foi preso porque não compareceu a um ato do processo. Segundo Andrade, que acompanha o processo, Macedo deve deixar a prisão em breve.

O pedido, assinado pela subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, embasou a decisão feita pelo ministro Alexandre de Moraes.

O objetivo do levante seria forçar o governo e o Exército a 'tomar uma posição' em uma mobilização em Brasília em prol do voto impresso, proposta que foi, recentemente, derrotada na Câmara dos Deputados, bem como a destituição dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Para tanto, pretendem dar um 'ultimato' no presidente do Senado Federal, invadir o prédio do Supremo Tribunal Federal, 'quebrar tudo' e retirar os magistrados dos respectivos cargos 'na marra'"
Trecho do pedido da PGR

No documento, Moraes afirmou que os investigados "pretendem utilizar-se abusivamente dos direitos de reunião, greve e liberdade de expressão, para atentar contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições", "inclusive atuando com ameaça de agressões físicas.

Para o ministro do STF, garantias fundamentais, como o direito de reunião, o de greve e o de liberdade de expressão, "não podem ser utilizados como um verdadeiro escudo protetivo da prática de atividades ilícitas e criminosas".

Ele determinou ainda a instauração de inquérito contra os investigados, a restrição de aproximação de um quilômetro de raio da Praça dos Três Poderes, dos ministros do STF e dos senadores - essa restrição somente não se aplica ao deputado federal em razão da necessidade do exercício de suas atividades -, a expedição de ofício às empresas responsáveis por redes sociais para que bloqueiem os perfis de titularidade dos envolvidos, e a proibição de se comunicarem entre si e de participarem de eventos em ruas e monumentos no Distrito Federal.

Em discurso ontem, o presidente do STF, o ministro Luiz Fux, afirmou que a Corte estará vigilante durante o feriado do Dia da Independência e que a "liberdade de expressão não abrange violência e ameaça".

*Com informações da agência Estadão Conteúdo.