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Ato pró-Bolsonaro reúne 125 mil em SP, 6% do esperado por organizadores

Amanda Rossi, Ana Paula Bimbati e Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo

07/09/2021 17h56Atualizada em 07/09/2021 22h48

O ato a favor ao presidente Jair Bolsonaro, que desafiou explicitamente hoje o STF, reuniu 125 mil pessoas na avenida Paulista, segundo cálculo da Secretaria da Segurança de São Paulo.

O número está bem abaixo do estimado pelos próprios organizadores da manifestação que, em reunião com a Polícia Militar de São Paulo no último dia 31 de agosto, afirmaram esperar entre 2 milhões e 3 milhões de participantes no protesto — bem acima da capacidade máxima já calculada pelo Datafolha para a Paulista (950 mil pessoas na área de 135,5 mil m² da avenida).

O auge de público estimado pelo governo paulista neste 7 de Setembro no local corresponde a pouco mais de 6% do esperado pelos apoiadores do presidente. Os 125 mil presentes, no entanto, encheram ao longo do dia 11 das 15 quadras da Paulista.

Com cartazes golpistas que pediam o fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal), a adoção do voto impresso e a instituição de um tribunal militar, manifestantes assistiram ao discurso no qual Bolsonaro ameaçou a Corte de golpe, incitou desobediência à Justiça e disse que só sai da Presidência morto.

Diversos cartazes estavam em inglês. Segundo manifestantes, é uma estratégia para mostrar ao mundo que o presidente do Brasil tem respaldo popular.

Além dos ataques ao Judiciário, também entraram na pauta dos discursos no caminhão e no chão mensagens contra o governador paulista João Doria (PSDB), ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e à imprensa. Desde o início da tarde, manifestantes anunciavam aos gritos a presença de jornalistas e incentivavam hostilidade contra eles.

Na manifestação, a reportagem notou a presença massiva de crianças acompanhada de pais e familiares. Com cornetas, tintas verde e amarela e algumas com camisas do Brasil, elas gritavam "mito" e "Fora Moraes" enquanto o presidente discursava. Outras tiravam fotos, ao lado de outros adultos, com cartazes pedindo intervenção militar.

A minoria dos participantes usava máscara de proteção contra a covid-19. Muitas vestiam camisetas feitas especialmente para a ocasião, algumas delas indicando a cidade de origem. Grande parte menciona cidades do interior de São Paulo e do Paraná, que chegaram à capital paulista sobretudo em ônibus fretado.

Já o ato contra Bolsonaro, realizado nesta terça no Vale do Anhangabaú, atraiu 15 mil pessoas — metade do estimado pelos organizadores dos movimentos sociais —, segundo estimativa do governo paulista.

A maioria usava máscara — um carro de som orientava o uso da proteção —, mas, assim como na Paulista, era impossível manter o distanciamento entre as pessoas.

Militantes do MTST, da CUT e representantes religiosos priorizaram em seus discursos o combate à fome e a defesa pela liberdade. Já lideranças da esquerda criticaram Bolsonaro e seu governo.