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Bolsonaro não vai parar de apostar na radicalização, diz cientista político

Do UOL, em São Paulo

08/09/2021 14h01Atualizada em 08/09/2021 14h36

Para o cientista político Fernando Abrucio, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), o ato golpista e antidemocrático realizado ontem não foi a última radicalização do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que deve se intensificar se nada for feito.

"A aposta dele já foi feita: é a radicalização. Ele não vai parar. Ontem não foi um último ato bolsonarista: haverá outros, e junto com isso a situação econômica e política do Brasil tende a piorar até o ano que vem", disse o professor ao UOL News, programa do Canal UOL.

Para o cientista político, devido ao fato de Bolsonaro apostar ainda mais na radicalização e a economia estar sofrendo com desemprego, crise hídrica, inflação nos alimentos e alta na conta de luz, "aumentaram as chances de um processo de impeachment" contra o presidente.

Na avaliação de Abrucio, a radicalização de Bolsonaro ocorre visando a eleição de 2022, enquanto o presidente vê, em pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ampliar cada vez mais as perspectivas de vitória no pleito do ano que vem.

O presidente fez uma escolha muito simples: 'eu vou com meu grupo radical, que pode significar entre 15% a 25% do eleitorado. Se eu tiver algo próximo de 20% ou pouco mais de porcentagem, eu posso chegar ao segundo turno e, obviamente, irei contra o Lula. Aí, vou dizer que sou o salvador do país e, a partir disso, imagino ganhar a eleição' Fernando Abrucio, professor da FGV

"Mas Bolsonaro não joga só em um campo", continuou o professor da Fundação Getúlio Vargas. "Ele joga nesse campo (democrático) e no campo do golpe", afirmou.

"E no campo do golpe é o seguinte [o que Bolsonaro pensa]: 'bom, se não der para a gente ganhar eleição, a gente pode tumultuar, bagunçar, gerar violência e, quem sabe, no meio desse processo, continuar no poder via tapetão'", declarou.