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Randolfe: governistas vão tumultuar CPI porque relatório será 'devastador'

7.jul.2021 - O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid, durante sessão da comissão - Edilson Rodrigues/Agência Senado
7.jul.2021 - O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid, durante sessão da comissão Imagem: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

24/09/2021 16h40

O vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou hoje que atritos como os de ontem entre Renan Calheiros (MDB-AL) e Jorginho Mello (PL-SC), acontecerão com mais frequência nos próximos dias, conforme a apresentação do relatório final se aproxima. Segundo ele, as conclusões serão "devastadoras".

"O papel dos colegas governistas a essa altura será o papel de tumultuar a apresentação do relatório final, porque o relatório final será devastador", disse ele em entrevista à Globo News.

"Temos que ter tranquilidade, sobretudo na reta final da investigação. Os colegas governistas começam a ficar cada vez mais tensos, com a eminência das provas que estão sendo apresentadas", declarou. "Tanto quanto se aproxima da data de apresentação do relatório final, as provocações iguais a que aconteceram ontem vão ocorrer, principalmente no depoimento de Luciano Hang na próxima quarta."

Renan e Jorginho trocaram xingamentos durante a sessão de ontem, que ouviu o diretor institucional da Precisa Medicamentos, Danilo Trento. O motivo da altercação foi a convocação do empresário Luciano Hang para depor na próxima semana, o que Jorginho contestou.

O relator do colegiado chegou a descer da mesa diretora e se dirigiu ao encontro do colega. O clima ficou ainda mais hostil, com possibilidade de agressão física mútua. Outros senadores, no entanto, intervieram e providenciaram o distanciamento entre os dois.

Mais tarde, em entrevista à CNN, Jorginho acusou Renan de fazer da comissão um palanque político. Na mesma emissora, o senador alagoano respondeu que é necessário existir um limite e ninguém pode "viver provocando os companheiros".

"Temos que ter paciência e tranquilidade para impedir o que o governo quer a essa altura", disse Randolfe.

'Não será aceito nenhum desacato'

O vice-presidente da comissão falou sobre as expectativas para o depoimento de Hang, que acontecerá na próxima quarta-feira (29). Ele assegurou que o empresário será "tratado com respeito", mas advertiu que desacatos não serão aceitos.

"Advirto que ele não tente avançar como o chefe da CGU [o ministro Wagner Rosário] se comporou na comissão", disse. "A comissão não terá paciência para receber desacato na quarta no depoimento de Luciano Hang. Ele será tratado com respeito, com as perguntas firmes que a CPI tem que fazer dado o envolvimento dele nos fatos".

O dono da rede de lojas Havan foi chamado a depor para esclarecer o papel dele na disseminação de notícias falsas durante a pandemia, o lobby pela compra de vacinas contra covid-19 por empresas e sobre a morte da mãe.

Um dossiê entregue essa semana à CPI por médicos que teriam trabalhado na rede disseram que a causa de morte da mãe de Hang foi fraudada, e que ela teria recebido os remédios do chamado 'kit covid'. Na ocasião, Hang publicou um vídeo em que lamenta que a mãe não tenha recebido esses medicamentos e que eles poderiam ter salvo a vida dela.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.