Sakamoto: 'Contarato dá lição de civilidade diante de preconceito nojento'

O discurso de Fabiano Contarato (Rede-ES) na CPI da Covid hoje foi eleito pelo colunista Leonardo Sakamoto como um dos momentos mais importantes de toda a comissão. A resposta do senador a um tuíte de cunho homofóbico do empresário bolsonarista Otávio Fakhoury, que depõe hoje na oitiva, foi uma "lição de civilidade".

"Fabiano Contarato deu uma gigante lição de civilidade diante de preconceito nojento, diante de uma postagem homofóbica, feito por Fakhoury depondo hoje na CPI justamente por espalhar fake news e ódio", disse Sakamoto ao UOL News.

Fakhoury tentou justificar o tuíte como uma brincadeira, mas Sakamoto afirmou que "brincadeira é ter que discutir homofobia nessa altura do campeonato, em pleno século XXI". O jornalista emendou: "Sonho com o dia que nós, homens, possamos ser menos idiotas".

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Também presente no UOL News de hoje estava o colunista Joel Pinheiro, que criticou o post de Fakhoury e sua vertente política. "Os empresários do bolsonarismo são a 'banda B'. A banda podre que, assim que começou a pandemia, ameaçou demitir funcionário, vendeu remédio falso", falou.

"Tudo no país tem lado bom e ruim, Bolsonaro conseguiu concentrar o lado podre", avaliou.

Entenda o caso

Hoje, Contarato foi convidado pelo chefe da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), para se sentar provisoriamente na cadeira da Presidência e utilizar o microfone. Antes de se dirigir a Fakhoury, Contarato exibiu na sala da Comissão Parlamentar de Inquérito uma reprodução do tuíte.

O empresário havia utilizado a rede social para ironizar um erro gramatical do parlamentar capixaba e afirmar, em tom jocoso, que ele teria sido cativado pelo "perfume" de alguém. "O delegado homossexual assumido [em referência ao senador] talvez estivesse pensando no perfume ali de alguma pessoa daquele plenário... Quem seria o perfumado que o cativou?", disse a postagem.

O senador, que foi o primeiro de seu cargo a se assumir publicamente gay, então, disse ter muito orgulho de sua família formada por ele, o marido e dois filhos. "O senhor não é um adolescente. É casado, tem filhos. Sua família não é melhor do que a minha", falou.

Ao fim do discurso de Contarao na CPI, a cúpula do colegiado pediu à Polícia do Senado a abertura de inquérito para investigar o crime de homofobia." O dinheiro não compra dignidade, não compra caráter. Cursos não compram humildade, compaixão, caridade", afirmou o Contarato.