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Se um cachorro latir, Bolsonaro o chamará de comunista, diz Josias

Colaboração para o UOL

01/10/2021 11h35

O colunista do UOL, Josias de Souza, repercutiu a reação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que taxou de "comunista" uma mulher que o criticou durante discurso em Belo Horizonte nesta semana. Para ele, o mandatário faz uso de um discurso "infantil" e repetitivo de classificar aqueles que o criticam de "socialistas" em uma tentativa de transformar seus opositores, mais especificamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em uma espécie de "bicho papão" para "amedrontar o eleitorado". Ele ponderou que até um cachorro que ousar latir para o presidente será chamado de "comunista".

"Se um cachorro latir para o Bolsonaro, ele vai apontar para o cachorro e vai chamar de comunista. Ele faz isso porque ele quer transformar o Lula em uma espécie de bicho papão, num boi da cara preta que pode aparecer a qualquer momento para pegar o eleitorado que tem medo de careta. Então ele cria essa contraposição entre ele, o homem de bem, e o boi da cara preta que está aí à espreita para retomar o poder", diz o colunista.

Josias aponta a "infantilização do discurso" do presidente primeiro "porque não existe ameaça solista" e segundo porque "chamar o Lula de socialista é uma imbecilidade". "Basta ver o governo do Lula: banqueiro se fartou de ganhar dinheiro, empresários levavam água na bandeja para o Lula. Se isso é socialismo, é preciso rever todos os manuais de ciência política", pontuou.

O colunista também aponta que o político reagiu à "adversidade à moda Bolsonaro". "Chama a senhora de 'estúpida', fala que quem até os 30 anos não foi de esquerda não tem coração, mas quem continua depois dos 30 não tem cérebro".

Para Souza, é possível fazer uso desse mesmo chavão para relacionar a "mania" do presidente por armas de fogo. "Deve ter por aí um ditado que diz que quem até os 5 anos não brincou com arma de brinquedo talvez não tenha coração, agora quem continua depois de 64 anos valorizando e brincando com arma, aí não tem cérebro. É mais ou menos o que acontece com o Bolsonaro", disse.

Ainda no UOL News, Josias de Souza também avaliou que esse cronograma de viagens feitas por Jair Bolsonaro pelo país para celebrar os 1000 dias de seu governo tem finalidades eleitorais para reconduzi-lo ao Palácio do Planalto. Porém, a voz de uma presença critica ao mandatário na plateia é um sinal de que ele não é o único de olho na cadeira presidencial.

"Esse cronograma de viagens pelo país é o uso das suturas do estado com fins eleitorais. A voz de uma presença critica na plateia serve para informar a Bolsonaro que se ele quer fazer campanha, não está sozinho no gramado", completou.