Manifestantes ocupam 10 quarteirões da Paulista em ato contra Bolsonaro
Manifestantes ocupam hoje 10 quarteirões da Avenida Paulista, em São Paulo, no protesto contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A organização da manifestação estimou a presença de cerca de 100 mil pessoas. Já a SSP (Secretaria da Segurança Pública) contabilizou cerca de 8 mil pessoas (veja abaixo).
O ato contou com a presença de ao menos três ex-presidenciáveis: Fernando Haddad (PT), Guilherme Boulos (PSOL) e Ciro Gomes (PDT).
A Avenida Paulista foi interditada no começo do cruzamento entre a Paulista e Rua da Consolação, até o quarteirão que faz a travessa com a Alameda Joaquim Eugênio de Lima, totalizando 2,3 km.
Entretanto, o grande volume de concentração de pessoas começa um pouco mais a frente, iniciando no quarteirão da Rua Pamplona e finalizando na Praça do Ciclista, local onde estava estava concentrado um pequeno grupo de manifestantes de diversos movimentos sociais, entre eles: a Unidade Popular pelo Socialismo, Movimento de Mulheres Olga Benário, Movimento Luta de Classes, União da Juventude Rebelião, Movimento Correnteza e o MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas).
Para Guilherme Brasil, coordenador do MLB, concentrar no final da Avenida Paulista, caminhando até o centro dos atos, foi uma manifestação simbólica, mas de protesto ao formato de ato parado.
"Uma manifestação parada, como o de hoje, sem caminhar pelas ruas, não mobiliza o nosso povo. Não faz sentido ficar parado apenas em um lugar, ouvindo lideranças políticas que não tem a ver com as nossas lutas sociais", disse.
Esquema policial custou cerca de R$ 400 mil
O cálculo de 8 mil pessoas no protesto, apresentado pela SSP foi realizado a "partir do uso de imagens aéreas, análise de mapas e georreferenciamento, determinando a extensão do movimento ao longo da avenida, bem como nas áreas adjacentes", segundo trecho de nota do órgão encaminhada à imprensa. O quantitativo fica bem abaixo dos 100 mil participantes informado pela organização do ato.
Segundo a Secretaria, o esquema especial de policiamento custou cerca de R$ 400 mil aos cofres públicos. Foram utilizados 150 viaturas, 10 cães, 60 cavalos e cinco drones.
"O patrulhamento foi intensificado em toda a cidade, principalmente nas proximidades das estações do Metrô, terminais de ônibus e demais áreas com grande fluxo de pessoas. Os policiais realizaram abordagens ao público e revistas pessoais e em mochilas ou bolsas foram realizadas em diferentes pontos da capital e não somente em áreas próximas ou locais de acesso ao ato", informou o órgão.
Até as 18h foram registradas três ocorrências relacionadas ao ato. Uma mulher estrangeira foi detida na Alameda Casa Branca por furto de celular. Já um homem foi flagrado com porções de maconha durante revistas nas estações de Metrô. E, por último, uma pessoa teve um mal súbito na esquina da Avenida Paulista com a Rua Haddock Lobo e foi atendida pelos PMs.
Políticos de oposição participam de ato
O protesto na Paulista conta com a presença de políticos da oposição, que acompanharam a manifestação no chão ou do alto dos carros de som. Entre eles está o ex-presidenciável Guilherme Boulos (PSOL), que destacou da necessidade de um discurso de união entre eleitores de correntes políticas rivais.
"Existe muita diferença de pensamento entre quem está aqui hoje na Paulista. Mas a ameaça golpista é maior do que as nossas diferenças políticas", disse ao UOL.
O também ex-presidenciável Fernando Haddad (PT) defendeu que divergências entre os políticos sejam deixadas de lado para viabilizar o impeachment de Bolsonaro.
"Nós estamos aqui em nome de uma causa suprapartidária. Se formos nos deixar levar por isso, vamos perder uma causa maior, que é a luta pela justiça e pela democracia. E hoje não temos no Brasil nem justiça e nem democracia", afirmou ao UOL.
Apesar do tom de conciliação de alguns políticos, o PCO (Partido da Causa Operária) criticou Ciro Gomes (PDT) no principal carro de som do ato. Na semana passada, o pedetista criticou duramente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista à GloboNews.
Ciro participou de manhã da manifestação no Rio de Janeiro e, à tarde, em São Paulo. Na capital paulista, disse que é preciso superar divergências com outros políticos em defesa da democracia.
"Isso aqui é uma tarefa comum que nós temos, que é proteger a democracia. Depois, em outra ocasião, nós sempre falaremos quem é quem, quem é responsável pelo quê e quem não tem ideia nenhuma pelo futuro do país", disse ao UOL.
Já a presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), criticou o momento de crise econômica do Brasil e disse que a união é necessária para pressionar o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), a aceitar um dos mais de cem pedidos de impeachment protocolados contra Bolsonaro.
"Não queremos mais Bolsonaro governando esse país. Para tirar Bolsonaro com o impeachment precisamos pressionar a Câmara, o Lira, os partidos, as pessoas que querem Bolsonaro fora. Sentiram que ele recuou né? Acabou recuando por medo. Medo dos processos no Senado e na Câmara dos Deputados. A natureza do Bolsonaro é golpista, fascista. Por isso a importância desses nossos atos hoje em todo o Brasil. Bolsonaro trouxe a fome de volta ao Brasil, a inflação", disse em seu discurso no carro principal — um entre os dez distribuídos pela Av. Paulista.
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