Randolfe: CPI deve propor indiciamento do presidente do CFM
O vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que o presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina), Mauro Luiz de Brito Ribeiro, estará entre os indiciados no relatório final da comissão.
Perguntado pelo UOL News se Ribeiro entraria na lista, o senador respondeu: "Não tenha dúvida". A CPI não conseguiu convocar o presidente do CFM a tempo para depor e, agora já na reta final, ele deverá escapar do questionamento no Senado.
Na análise do vice-presidente da comissão, Ribeiro demonstrou não estar comprometido com a ciência e o enfrentamento da pandemia. Apesar dos senadores não terem obtido um depoimento dele, "o presidente do CFM tem live pública falando de conversão de favores ao presidente da República", segundo Randolfe.
O vice-presidente da comissão ainda destacou que as atitudes do líder do CFM não podem ser generalizadas. "A conduta dele deve ser separada da ampla maioria dos médicos brasileiros, muitos pagaram com a vida o enfrentamento da pandemia e o presidente do CFM não", afirmou.
Na semana passada, o relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), anunciou que Ribeiro passaria à condição de investigado pela CPI. "Pelo apoio ao negacionismo, pela maneira como deu suporte à prescrição de remédios ineficazes —e os defendeu publicamente— e pela omissão diante de fatos evidentemente criminosos", explicou.
A decisão de Renan vem depois de uma série de denúncias contra a Prevent Senior, incluindo uma suposta pressão para os médicos prescreverem remédios do chamado kit covid, como cloroquina e ivermectina, que não têm eficácia comprovada contra a covid-19.
Apesar de diversas entidades médicas terem se posicionado contra o uso desses medicamentos, o CFM tem ressaltado que defende a decisão individual do médico e do paciente.
Braga Netto pode ser indiciado
Outro depoimento que o vice-presidente da CPI queria ter conseguido é o do general Walter Braga Netto. "Hoje é ministro da Defesa, mas ano passado era ministro-chefe da Casa Civil, responsável pelo enfrentamento da pandemia", disse ao UOL News.
Apesar da frustração da não convocação do general, Randolfe falou que há "elementos" para indiciar o ministro da Defesa e disse ser "natural" haver discordâncias entre o grupo de senadores da comissão. "Não conseguimos formar maioria para levá-lo, até entendo", afirmou.
Diferentemente do presidente do CFM que possui a live pública, o caso de Braga Netto precisaria de um depoimento para elucidar sobre as atitudes dele durante a pandemia.
"Mas temos documentos que podem servir para indicar, pelo menos, para autoridades em um aprofundamento de investigações. É o meu entendimento", falou o senador.
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