STF dá 10 dias para que Bolsonaro explique agressões a jornalistas em Roma
O ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), deu um prazo de 10 dias para que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) explique as agressões a jornalistas que acompanhavam a comitiva presidencial em Roma, durante a cúpula do G20. O despacho atende ao pedido da Rede Sustentabilidade de garantia ao trabalho da imprensa e integridade dos profissionais que cobrem atos da Presidência.
Em seguida, segundo a decisão do ministro, devem se manifestar a AGU (Advocacia-Geral da União) e a PGR (Procuradoria-Geral da União). No caso dos dois órgãos, o prazo de resposta é de cinco dias.
Para a Rede, o comportamento do presidente em relação a jornalistas é "absolutamente reprovável e incompatível com o exercício do cargo" e cita que o presidente, em diversas ocasiões, ameaçou fisicamente, constrangeu e difamou profissionais. Além disso, o partido argumenta que as ações do presidente levam apoiadores a repetirem ataques contra a imprensa.
Na ocasião, um grupo de repórteres, dentre eles o colunista do UOL Jamil Chade, foi agredido por seguranças que acompanhavam Bolsonaro. Quando a reportagem do UOL foi filmar a violência contra profissionais da GloboNews e tentar identificar o policial italiano que cometeu a agressão, um segurança empurrou Jamil, agarrou seu braço para torcê-lo e levou seu celular.
Jornalista denuncia na ONU agressão
Na última quarta-feira (3), as relatorias da ONU e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos receberam uma denúncia sobre as agressões sofridas por jornalistas brasileiros. Os documentos e vídeos foram entregues para Irene Kahn, relatora da ONU para liberdade de expressão, e seu homólogo na Comissão Interamericana, Pedro Vaca.
Assinada por uma das vítimas, o jornalista Jamil Chade, colunista do UOL, e pelo jurista Paulo Lugon Arantes, a queixa relata o ocorrido em Roma. Segundo apurou o UOL, ambos os relatores já consideram uma ação nos próximos dias.
O documento apresentado aos órgãos internacionais fala em "violência gratuita perpetrada pelas forças de segurança que escoltavam o Presidente Bolsonaro contra os jornalistas". "Caso houvesse algum motivo, os jornalistas nem mesmo receberam qualquer advertência", indicou a denúncia, elaborada pelo Lugon Arantes.
Na petição, o jornalista e o jurista pedem que os relatores cobrem do Brasil respostas sobre a violência e sobre as medidas tomadas para investigar e punir os responsáveis pelos ataques. O pedido também solicita a publicação de uma declaração sobre os fatos e violações relatados.
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