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Bolsonaro diz que Moro sempre teve propósito político e antes 'camuflava'

Sergio Moro ao lado de Jair Bolsonaro quando integrava o Governo; presidente diz que está preparado para debater com ex-ministro sobre eleições de 2022 - Adriano Machado/Reuters
Sergio Moro ao lado de Jair Bolsonaro quando integrava o Governo; presidente diz que está preparado para debater com ex-ministro sobre eleições de 2022 Imagem: Adriano Machado/Reuters

Do UOL

08/11/2021 12h07Atualizada em 08/11/2021 18h45

Às vésperas da filiação de Sergio Moro no Podemos, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse, em entrevista à Rádio Jovem Pan do Paraná, que o ex-ministro sempre teve um propósito político, mas agia de forma camuflada.

Moro largou a magistratura no fim de 2018 para integrar o Governo Bolsonaro como ministro da Justiça e Segurança Pública, sendo que deixou o cargo em abril de 2020 acusando o presidente de tentativa de interferência na PF (Polícia Federal). O ex-juiz agora é cotado a se lançar candidato a presidente da República em 2022.

"Você começa a entender um pouco mais as coisas, começa a entender o que eu passei com o ministro Sergio Moro. Ele sempre teve um propósito político, nada contra, mas fazia aquilo de forma camuflada", disse Bolsonaro.

O presidente ainda citou o fato de Moro ter deixado a magistratura como uma indicação de que sempre teve um propósito político.
"Moro lamentavelmente tinha um interesse político. Como pode uma pessoa abrir mão de 23 anos de magistratura para ser ministro, sabendo que podia ser demitido no dia seguinte e jogar tudo aquilo fora? Ele aos poucos foi se revelando que tinha um projeto", disse.

Moro retornou ao Brasil recentemente após ter trabalhado na consultoria norte-americana de gestão de empresas Alvarez & Marsal. Com a filiação ao Podemos marcada para a próxima quarta-feira (10), o ex-juiz se coloca no cenário eleitoral para 2022, com a possibilidade de concorrer à presidência.

A possível entrada de Moro na corrida presidencial pode movimentar principalmente o cenário no campo da direita. Em pesquisa do PoderData, divulgada no dia 27 de outubro, o ex-juiz aparece com 8% das intenções de voto. Em terceiro lugar, ele fica atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 35%, e Bolsonaro (sem partido), com 28%.

Neste cenário, Moro tem sido alvo de críticas de pessoas próximas a Bolsonaro. Na última semana, por exemplo, o ministro das Comunicações, Fabio Faria, disse que o ex-juiz abandonou o Brasil. Já o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) afirmou que Moro é nome forte, mas não "empolga a massa".

Bolsonaro disse que está pronto para o debate com o ex-ministro. "Ele tinha um prestígio muito grande, fez um trabalho bom na Lava Jato, ajudou a redirecionar o futuro do Brasil. Mas o propósito político começa a se revelar agora, ser candidato é um direito dele. Estamos aí para o debate, se viermos a ser candidatos a gente vai trocar ideias, ir para o debate, sem problema nenhum.

Vaga no Supremo

Na entrevista, Bolsonaro ainda repetiu o teor de seu depoimento à Polícia Federal, na última semana, no inquérito que apura se o presidente interferiu indevidamente na PF (Polícia Federal).

Segundo Bolsonaro, Moro teria concordado com indicação de Alexandre Ramagem para o lugar do então diretor-geral da PF Marcelo Valeixo desde que ele - Moro — fosse indicado à vaga no Supremo Tribunal Federal. O ex-juiz nega que tenha pedido vaga no Supremo.

"Ele tinha sim intenção de ir para o Supremo, no primeiro momento eu achei justa a intenção dele e depois passei a conhecê-lo um pouquinho melhor. Daí o que eu queria na PF? Não era interferir nada, era interlocução", disse Bolsonaro.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado, Sérgio Moro não deixou o cargo de juiz em 2019, mas sim no fim de 2018.