Chapa completamente esdrúxula, diz ex-tucano sobre aliança Lula-Alckmin
O pré-candidato do Novo à Presidência da República, Luiz Felipe D'Ávila, disse a Fabíola Cidral, Josias de Souza e Leonardo Sakamoto, no UOL Entrevista de hoje, que uma possível chapa formada entre Geraldo Alckmin (PSDB) e Lula (PT) nas eleições do ano que vem é "a aliança mais esdrúxula" que ele já viu na vida. Ex-tucano, D'Ávila foi coordenador do programa de governo de Alckmin na corrida presidencial de 2018.
"Nenhum eleitor do Geraldo vai votar no Lula porque o Geraldo vai virar vice. (E Lula não) vai conquistar mais voto porque o Geraldo está na chapa", disse D'Ávila. "É uma chapa completamente esdrúxula, não faz o menor sentido."
Nas eleições de 2018, quando era filiado ao PSDB, D'Ávila disputou as prévias do partido para concorrer ao Governo de São Paulo. Na época, ele perdeu a disputa para João Doria (PSDB).
Sobre a possível união entre Lula e Alckmin, ao dizer que não tem contato com o tucano há algum tempo, D'Ávila diz acreditar que o ex-governador de São Paulo está mais interessado em concorrer ao governo paulista do que à presidência.
A questão do Geraldo passa muito mais por São Paulo. A meu ver, o Geraldo pretende ser governador de São Paulo e não entrar na política nacional. Toda essa articulação, aliança, deve ser percebida muito mais como palanque estadual do que nacional.
Luiz Felipe D'Ávila
O pré-candidato do Novo acredita ainda que uma possível chapa Lula-Alckmin vá afastar apoiadores dos dois políticos. Para ele, os lulistas e os tucanos poderão pensar que a aliança "não tem o menor sentido político".
"Essa é uma discussão que não faz o menor sentido. Por isso, acho que não vai dar em nada, a não ser alguns dias de manchete de jornal", disse D'Ávila.
Terceira via
Pré-candidato da chamada terceira via, D'Ávila acredita que a união de candidatos que não estejam alinhados ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ou a Lula deva acontecer em meados de junho e julho do ano que vem. Ele defende que esses presidenciáveis discutam suas propostas para que, lá na frente, possa haver uma convergência de ideias.
Esses candidatos de terceira via têm sim de vir a público, debater propostas e ideias, e aquele que conseguir apresentar as melhores propostas vai conseguir conectar com a população; e, ao conectar com a população, vai começar a descolar entre os demais e, portanto, será o unificador da terceira via
Luiz Felipe D'Ávila
D'Ávila critica a atual polarização na política nacional em torno de Lula e Bolsonaro. Para ele, tanto o petista quanto o atual chefe do Executivo nacional são representantes de propostas personalísticas, o que representaria a "velha política".
"O Brasil está carente de um debate de propostas. Precisamos discutir ideias não em torno de nomes. Essa política do personalismo não vai a lugar algum", afirmou D'Ávila. "A eleição do próximo ano é: como vamos fazer a economia ser reativada para gerar renda, emprego e atrair investimento. Essa é a questão. Todas as outras questões são secundárias."
O pré-candidato do Novo enfatiza que os candidatos da terceira via devem mostrar que são alternativas a Lula e Bolsonaro. Ele cita as rejeições dos dois primeiros candidatos nas atuais pesquisas eleitorais como espaço para que outros nomes se fortaleçam no pleito de 2022.
É preciso debater as propostas, ter uma aceitação da população e espírito público para se unir lá na frente, para não podermos ter uma terceira via fragmentada; isso daria uma vitória a esse populismo de esquerda ou direita, que manteria a nação dividida
Luiz Felipe D'Ávila
Lula x Bolsonaro
Sobre um possível segundo turno entre Lula e Bolsonaro no ano que vem, D'Ávila afirma que não votaria em nenhum dos dois. Ao dizer que votou nulo no segundo turno de 2018, o político diz que combateu o populismo a vida inteira.
"Nosso subdesenvolvimento é fruto de um país que cultiva o populismo. Sou contra (Lula e Bolsonaro) e não voto de jeito nenhum. Não votei em 2018 e jamais votaria em 2022", afirmou D'Ávila.
Ao falar dos votos que Bolsonaro recebeu para ganhar as últimas eleições, o político atribui um possível benefício da dúvida para o eleitor ter apoiado o então candidato. Ele afirma, no entanto, que após três anos de governo Bolsonaro, essa dúvida não existe mais.
Temos que trabalhar mesmo por essa terceira via, porque é a única chance de resgatar confiança dos investidores no país, a credibilidade da democracia e fazer com que a economia volte a crescer, gerar renda e emprego para o brasileiro. Essa é a nossa missão em 2022
Luiz Felipe D'Ávila
O pré-candidato do Novo diz que conversa com vários políticos, citando Ciro Gomes (PDT), Sergio Moro (Podemos) e Luiz Henrique Mandetta (DEM), todos pré-candidatos nas eleições do ano que vem. Ele, no entanto, rechaça um possível apoio do partido a legendas que não defendam uma economia liberal.
"Se você acha que vamos resolver o problema do Brasil com mais Estado, mais intervencionismo, escolha de campeões nacionais, o Novo não vai se filiar a essa pessoa. O Novo não vai se juntar com candidato que prega essas coisas", afirmou o político.
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