Moro: fala de Lula sobre Nicarágua é 'preocupante flerte com autoritarismo'
O ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), Sergio Moro (Podemos), disse ontem à CNN Brasil que é "preocupante" a fala de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a reeleição do ditador da Nicarágua, Daniel Ortega.
Em declaração ao jornal espanhol El País esta semana, Lula minimizou a reeleição na Nicarágua e traçou uma comparação com o tempo de poder da chanceler alemã Angela Merkel, eleita democraticamente, com a do ditador. Na avaliação de especialistas em geopolítica e relações internacionais ouvidos pelo UOL a comparação feita por Lula é imprópria.
"Acho preocupante quando se flerta com o autoritarismo, quando você tem alguém que quer ser candidato a presidente, tem, uma possibilidade eventualmente de ganhar as eleições, que fica elogiando Cuba, minimizando restrições à liberdade que existem em Cuba, os presos políticos que existem", declarou Moro.
E completou: "Quando fica elogiando a Nicarágua que acabou de passar por eleições nas quais os adversários foram presos por motivos políticos, e não por corrupção. Acho que a gente tem razão para se preocupar".
O ex-juiz ainda declarou que ser importante ter clareza nos princípios democráticos dos candidatos ao Palácio do Planalto.
"Acho muito preocupante que não tenhamos clareza nas credenciais democráticas de um candidato à Presidência da República, seja aqui na extrema-esquerda ou infelizmente como tem aqui no Brasil também, na extrema-direita", finalizou.
Daniel Ortega, um ex-guerrilheiro de 76 anos que está no poder desde 2007, obteve seu quarto mandato consecutivo com 75,92% dos votos, mas os resultados não foram reconhecidos por Estados Unidos, União Europeia e vários países latino-americanos.
'Nunca tive animosidade com Lula', diz Moro
Moro também disse em entrevista à CNN Brasil que nunca teve "nenhuma animosidade pessoal" com o ex-presidente Lula. Responsável por julgar os processos da operação Lava Jato em Curitiba, foi o ex-juizquem determinou a prisão do petista.
"Eu proferi uma sentença contra o presidente em 2017 baseado em provas, baseado em fatos, baseado na lei. A decisão foi confirmada pelo Tribunal de Apelação de Porto Alegre. Essa decisão foi confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça aqui em Brasília. O presidente só foi preso quando o Supremo autorizou, em março de 2018."
Moro também defendeu que tomou a decisão com tranquilidade. Isso porque, segundo ele, "era isso que determinavam as provas".
O ex-juiz também declarou que, na visão dele, a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de junho deste ano, que declarou que Moro foi parcial ao julgar Lula no processo do tríplex do Guarujá (SP), foi um "erro judiciário" e "o tempo vai dizer isso".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.