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Cabo eleitoral no Sul, Deltan ficará fora de campanha de Moro no Nordeste

O ex-procurador da República Deltan Dallagnol e o ex-juiz federal Sergio Moro - Jorge Araújo/Folhapress
O ex-procurador da República Deltan Dallagnol e o ex-juiz federal Sergio Moro Imagem: Jorge Araújo/Folhapress

Lucas Valença

Do UOL, em Brasília

09/12/2021 04h00

Com previsão de se filiar ao Podemos nesta sexta-feira (10), o ex-procurador Deltan Dallagnol não vai participar da campanha do pré-candidato a presidente pelo partido, o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro, em estados governados por partidos de esquerda.

Segundo conselheiros de Moro ouvidos pelo UOL sob a condição de anonimato, Dallagnol, que foi coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, não atrai votos principalmente no Norte e no Nordeste.

A perda de popularidade é atribuída à colaboração entre os procuradores da operação, liderados por Dallagnol, com Moro, revelada nas conversas divulgadas pelo site The Intercept —episódio que ficou conhecido como "Vaza Jato".

Estratégia eleitoral

Pessoas próximas ao ex-juiz acreditam que ele ainda não atingiu um "teto eleitoral".

Pesquisa realizada no fim do mês passado pelo PoderData, divisão de estudos do site de notícias Poder360, mostra Moro com 8% das intenções de voto (empatado tecnicamente com Ciro Gomes e João Doria e atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem 34%, e do atual mandatário, Jair Bolsonaro, que possui 29%).

Ontem, outra pesquisa, da Genial Investimentos e Quaest Consultoria, mostra o ex-ministro com 10% das intenções de voto, atrás ainda de Lula (com 46%) e Bolsonaro (23%). A cúpula da campanha de Moro trabalha com a ideia de que ele irá se aproximar do presidente nas pesquisas até fevereiro.

Para um conselheiro da campanha ouvido pela reportagem, a projeção de crescimento nas pesquisas tem se dado não só pelo peso do nome do ex-juiz, mas também por causa de erros de campanhas adversárias —em especial a do PSDB, cujas prévias foram marcadas por trocas de acusações entre os pré-candidatos e problemas técnicos no aplicativo usado na votação.

A partir do momento em que Moro chegar ao "teto eleitoral" e deixar de subir, a campanha pretende mudar de estratégia e buscar um eleitorado diferente do disputado atualmente, que é mais ligado à direita e à extrema-direita.

Nesse contexto, os conselheiros de Moro defendem que ele intensifique visitas às regiões Norte e Nordeste —sem o ex-procurador.

Presença confirmada no Sul e no DF

Dallagnol, porém, deverá comparecer às agendas de Moro em estados com perfis mais conservadores, em especial na região Sul e no Distrito Federal.

A assessoria de Moro informou ao UOL que a campanha ainda não conversou com o ex-procurador sobre a estratégia da campanha.

Questionada sobre essa estratégia, a assessoria de Dallagnol enviou nota à reportagem dizendo que "a redução da corrupção e a erradicação da pobreza" são "sonhos apartidários e relacionados, (...) compartilhados pelos brasileiros independentemente de ideologias, de norte a sul do país, de leste a oeste".

Câmara dos Deputados

De acordo com integrantes do Podemos ouvidos pelo UOL, o ex-procurador é tratado como provável "eleito" em 2022, já que disputará o cargo de deputado federal pelo Paraná —não à toa, um dos estados em que ele subirá no palanque de Moro.

Segundo o Podemos, medições internas feitas pelo partido mostram que Deltan seria um dos deputados federais mais bem votados pelo Paraná se as eleições fossem hoje.

O partido segue na busca por mais candidatos de peso para a Câmara Federal. Integrantes da sigla informaram que têm mapeado dissidentes de legendas como o PL, o PSDB e o União Brasil (resultado da fusão entre o DEM e o PSL) que poderão aceitar um possível convite.