Maierovitch: Bolsonaro ataca STF para mudar imagem de jogar aliados ao mar
Na opinião do jurista Wálter Maierovitch, colunista do UOL, o objetivo do presidente Jair Bolsonaro (PL), ao retomar os ataques ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, foi mudar a imagem de quem abandona aliados — crítica que recebeu após recuar nos ataques a membros do Supremo, nos últimos meses.
"Reação de quem não conhece o Direito e quer mudar a imagem de jogar os aliados ao mar", disse Maierovitch, durante UOL News hoje (9).
Bolsonaro retomou ontem (8) as críticas ao ministro Alexandre de Moraes, quase três meses após a divulgação da "declaração à nação", documento que pregou uma trégua no conflito.
Em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, o presidente disse que o ministro do STF comete "abusos" e "está no quintal de casa". Bolsonaro também criticou as prisões de bolsonaristas, como o ex-parlamentar Roberto Jefferson e o caminhoneiro Zé Trovão.
Para Maierovitch, as prisões dos apoiadores de Bolsonaro é justificável. "Toda prisão cautelar tem que estar fundamentada na necessidade. É muito claro que havia uma necessidade para essas prisões pela garantia da ordem pública. As prisões continuam necessárias porque, se colocados em liberdade, vão continuar com essa atividade criminosa", avaliou.
A maioria dos ministros da Primeira Turma do STF votou para manter a prisão do caminhoneiro e youtuber Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão.
Impeachment
O jurista e colunista do UOL também afirmou que a postura de Bolsonaro fundamenta um impeachment. "Ele não conhece o decoro do cargo. Essa conduta aparece cada vez que ele abre a boca, violando e gerando um crime de responsabilidade e impeachment", disse.
Em quase três anos de governo, Bolsonaro já foi alvo de 143 pedidos de impeachment. A marca foi alcançada após a Câmara dos Deputados receber, ontem à tarde, uma petição capitaneada pelo jurista Miguel Reale Júnior, o mesmo que assinou a peça que levou à queda da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Entregue à Câmara no final de 2015, aquele foi um dos 68 pedidos de impeachment que Dilma sofreu enquanto ocupou o Planalto. O número, acumulado ao longo de mais de cinco anos de gestão, é inferior ao que Bolsonaro recebeu só neste ano. Foram 84 pedidos contra o mandatário em 2021, segundo dados da Câmara.
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