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Heleno diz tomar remédio na veia para não levar Bolsonaro a agir contra STF

Do UOL, em São Paulo

14/12/2021 20h21Atualizada em 15/12/2021 18h20

Em áudio vazado nessa terça-feira, o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, um dos aliados mais próximos ao presidente Jair Bolsonaro (PL), faz duros ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal) e diz que tem tomado remédios "na veia" diariamente e, assim, não levar o chefe do Executivo a "uma atitude mais drástica". O áudio foi divulgado pelo jornalista Guilherme Amado, do site "Metrópoles".

Temos um dos Poderes que resolveu assumir uma hegemonia que não lhe pertence, não é... não pode fazer isso, está tentando esticar a corda até arrebentar. Nós estamos assistindo a isso diariamente, principalmente da parte de dois ou três ministros do STF (...) E que eu, particularmente, que sou o responsável, entre aspas, por manter o presidente informado... eu tenho que tomar dois Lexotan na veia por dia para não levar o presidente a tomar uma atitude mais drástica em relação às atitudes que são tomadas por esse STF que está aí. Fala do general Augusto Heleno

O Lexotan citado por Heleno é um medicamento indicado para ansiedade, tensão e outras queixas físicas ou psicológicas associadas à síndrome de ansiedade.

Segundo a publicação, a declaração de Heleno teria ocorrido ontem, durante a formatura do Curso de Aperfeiçoamento e Inteligência, para agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). A reportagem do UOL tentou contato com a assessoria do GSI, por email, e aguarda o seu posicionamento.

O presidente Bolsonaro tem administrado uma gestão recheada de conflitos públicos com outras instituições, mas principalmente o STF.

O ápice da crise institucional ocorreu em meados de setembro, quando Bolsonaro decidiu levar para as ruas uma multidão apoiada a pautas autoritárias e golpistas. Em um dos discursos, o mandatário ameaçou emparedar ministros da Suprema Corte e jogar fora das quatro linhas da Constituição para eventual ruptura institucional.

Perspectiva 'cruel' para 2022

Ainda no áudio obtido por "Metrópoles", Heleno afirmou que o país tem uma perspectiva "cruel" para 2022 por não produzir uma vacina contra a covid-19.

O ministro diz que a guerra pela venda de imunizantes é "suja e movida a muito dinheiro". "E o Brasil está correndo atrás. Já comentou várias vezes que está produzindo a vacina, não sei o quê, mas está passando o tempo da pandemia e a vacina brasileira ainda não está disponível", disse.

Então nós estamos gastando dinheiro que nem temos para poder manter esse nível de vacinação que nós temos hoje, invejável, porque nós não somos produtores da vacina. Um nível invejável de vacinação. Então nós estamos caminhando para um ano extremamente difícil no Brasil. Poucos países têm uma perspectiva tão cruel de 2022 quanto o Brasil General Heleno, ministro do GSI

Até o momento, 139.989.809 brasileiros já tomaram a segunda dose ou a dose única de imunizante contra a doença, como informa o boletim divulgado ontem pelo consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte. O número equivale a 65,63% da população do país.

Uma vacina nacional é importante para diminuir os custos de importação e manter alto o nível dos anticorpos na população.

Até o final de novembro, das 16 iniciativas que receberam apoio da Rede Vírus do MCTI (Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações) e do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), cinco terminaram ou estão prestes a terminar os testes pré-clínicos, com animais, e aguardam autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para começar a próxima fase. A ButanVac, fruto de uma colaboração internacional com participação do Instituto Butantan, começou a ser testada em seres humanos no Brasil e em outros países.

* Com informações de Gilberto Stam, da Pesquisa FAPESP.