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Bolsonaro e ministros silenciam sobre mortes por chuvas em São Paulo

O presidente Jair Bolsonaro (PL) visitou mercado em área rural do DF neste domingo (30) - Egon`s Supermercado/Reprodução
O presidente Jair Bolsonaro (PL) visitou mercado em área rural do DF neste domingo (30) Imagem: Egon`s Supermercado/Reprodução

Igor Mello

Do UOL, no Rio

30/01/2022 16h34Atualizada em 30/01/2022 23h35

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus principais ministros ainda não fizeram nenhuma manifestação pública sobre a tragédia causada pelas chuvas em São Paulo hoje (30). Até o momento, já foram confirmadas 18 mortes no estado, além de inundações e deslizamentos em diversas cidades.

Além de Bolsonaro, também não haviam se manifestado até as 15h45 Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), que pretendem se candidatar, respectivamente, ao governo do estado e a uma vaga para o Senado em São Paulo. Ciro Nogueira (PP-PI), ministro-chefe da Casa Civil; e João Roma (Cidadania) também não trataram do impacto das chuvas.

Em uma rede social, às 16h39, o ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) fez uma publicação lamentando as vidas perdidas e informando que o secretário nacional de Defesa Civil, Alexandre Lucas, estava em contato com a coordenadoria da Defesa Civil de SP. Ele também afirmou que havia posto recursos federais à disposição do estado.

Pouco depois das 20h, Tarcísio de Freitas se pronunciou nas redes sociais lamentando as mortes e informando, sem detalhar valores, que o Ministério do Desenvolvimento Regional disponibilizou recursos ao estado. Damares Alves republicou a mensagem do colega, afirmando que estava em contato com a prefeitura de Francisco Morato e que acionou o ministério para atuar na região.

Passeio de moto

Acompanhado de seu filho Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), vereador no Rio de Janeiro, Bolsonaro tirou a manhã —quando já havia confirmação de mortes em Embu das Artes— para passear de moto por Brasília. O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, também acompanhou o passeio.

Bolsonaro também visitou o PAD-DF (Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal), região com fazendas e produção agrícola, já próxima à divisa sudeste com Goiás. Neste compromisso, estava acompanhado do ministro da Defesa, Walter Braga Netto.

Filho mais velho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) postou em seu perfil no Instagram um vídeo de Bolsonaro comendo em uma barraca durante o passeio de hoje. As imagens eram acompanhadas da inscrição "Tudo normal por aqui".

Bolsonaro ignora tragédia nas redes sociais

Em suas redes sociais, Bolsonaro postou sobre obras de infraestrutura em Goiás, um programa de recuperação de nascentes e cursos profissionalizantes oferecidos a indígenas pela Funai.

Não é a primeira vez que o presidente silencia sobre desastres ocorridos durante o seu governo. Em dezembro, ele foi alvo de críticas por ter permanecido em férias no litoral de Santa Catarina enquanto dezenas de cidades no Sul da Bahia estavam submersas por conta das chuvas.

Naquela ocasião, o presidente não visitou as áreas atingidas. Delegou a tarefa aos seus ministros, tendo à frente Roma —que é pré-candidato ao governo da Bahia— e Marinho, que também tem pretensões eleitorais no Nordeste.

Doria sobrevoa áreas

O governador João Doria (PSDB) sobrevoou as cidades mais atingidas no início da tarde de hoje. Durante entrevista à imprensa, Doria, que é pré-candidato ao Planalto, alfinetou Bolsonaro por conta da falta de manifestação sobre a tragédia.

"E eu quero repetir aqui: exige também a atenção do governo federal. Não é razoável que o governo brasileiro, diante de situações de tragédia em Minas Gerais, na Bahia, em São Paulo, ou em outros estados, esperando que não mais as tenhamos, mas, se houver, é importante que o governo federal também não só se manifeste, como destine recursos e apoio para que prefeitos e prefeitas se sintam também acolhidos e atendidos pelo governo federal", criticou.

O UOL procurou a Presidência da República para saber porque Bolsonaro não se manifestou sobre a tragédia. Também perguntou se o presidente irá visitar as áreas afetadas em São Paulo, mas não obteve resposta até o momento.