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PT pede cassação de Kataguiri na Câmara por declarações sobre o nazismo

07.fev.22 - Os deputados Tabata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP) posam com Monark, após filmagem de episódio do podcast Flow - Reprodução
07.fev.22 - Os deputados Tabata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP) posam com Monark, após filmagem de episódio do podcast Flow Imagem: Reprodução

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

09/02/2022 13h34Atualizada em 09/02/2022 21h18

O líder do PT na Câmara dos Deputados, Reginaldo Lopes (MG), informou hoje ao UOL que vai entrar com um pedido de cassação do deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) no Conselho de Ética da Casa por quebra de decoro parlamentar após declarações do parlamentar sobre o nazismo. O pedido foi protocolado horas depois.

Num debate sobre perseguição contra grupos minoritários exibido na segunda-feira (7) pelo Flow Podcast, Kim Kataguiri sugeriu que grupos radicais ganham força quando o cerceamento de ideias extremistas é praticado em detrimento da liberdade de expressão. O apresentador do podcast, Bruno Aiub, conhecido como Monark, disse que endossa a criação de um partido nazista a fim de equilibrar o debate político.

A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP), que também participava do podcast, rebateu as falas de Monark e Kataguiri ao afirmar que o nazismo põe a população judaica em risco.

Segundo o líder do PT, "se Kataguiri é contra a criminalização do nazismo, ele defende a legalização" do mesmo.

Mais cedo, Reginaldo Lopes escreveu no Twitter que a "atitude [de Kataguiri] estimula um movimento perigoso" e citou o episódio envolvendo o comentarista e ex-BBB Adrilles Jorge na Jovem Pan. Ao se despedir após comentar o caso de Monark, Adrilles fez um gesto interpretado como uma saudação nazista, o que é crime.

Para o líder do PT, "os três têm que ser punidos, pois cometeram crime".

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) também defendeu hoje a cassação de Kim Kataguiri. Segundo ele, a cassação é justa por "desrespeito às vítimas do holocausto, judeus e aos brasileiros".

"Isso não é assunto para a política, mas para a polícia. Vida é bem supremo", acrescentou.

No Brasil, é considerado crime fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas e objetos de divulgação do nazismo, conforme o artigo 1º da Lei 7.716/89. Caso seja caracterizado o ato de divulgar ou comercializar materiais com ideologia nazista, a pena pode variar entre um a três anos de prisão e multa.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, determinou ontem a abertura de inquérito para apurar suposta prática de crime de apologia ao nazismo tanto por Kataguiri quanto por Monark.

Após a repercussão negativa das falas, Monark pediu desculpas e disse que estava "bêbado". A Estúdios Flow, responsável pelo Flow Podcast, anunciou ontem o desligamento de Monark. Antes disso, a empresa já havia perdido patrocinadores por causa das declarações.

Em vídeo publicado nas redes sociais, Kim Kataguiri afirmou que errou por não ter se manifestado de maneira contundente contra as declarações de Monark.

"O primeiro ponto que precisa ficar claro é que eu não defendo criação de partido nazista. Quando o Monark falou aquelas atrocidades, eu falhei em representar a comunidade judaica como deveria", disse.

Em contato com o UOL, o deputado afirmou que vai colaborar com as investigações da PGR e disse ser alvo de perseguição política por parte de Augusto Aras, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro ao órgão em 2019.

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