PTB troca de presidente e ala de Roberto Jefferson volta a comandar
Após tensões crescentes dentro do PTB, o partido anunciou hoje o novo presidente nacional: o deputado Marcus Vinícius Vasconcelos Ferreira (RJ), também conhecido como Neskau. Assim, a ala do ex-deputado Roberto Jefferson, afastado do cargo enquanto cumpre prisão domiciliar, volta a comandar.
Entre a saída de Jefferson e a entrada de Neskau, a sigla ficou sob direção de Graciela Nienov, até então considerada pupila e uma "filha postiça" do ex-deputado. No entanto, os ânimos no PTB ficaram mexidos após o vazamento de uma denúncia de que Graciela teria planejado vender a sigla para Valdemar Costa Neto, do PL, por R$ 30 milhões, e de que teria tentado marcar encontro com um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).
Filiado há mais de 25 anos no PTB, onde já era vice-presidente e presidente estadual, Neskau tem relação próxima com a família de Jefferson, pois já foi casado com uma das filhas do ex-deputado, Fabiana.
O novo presidente do PTB foi preso em 2018, na Operação Furna da Onça, que investigou o recebimento de propinas mensais por parte de parlamentares. Ela era um desdobramento da Operação Lava Jato. Segundo a PF, os investigados teriam recebido dinheiro de forma ilegal todo mês, com pagamentos variando de R$ 20 mil a R$ 100 mil. Em 2019, Neskau teve o pedido de soltura acatado pela ministra Cármen Lúcia, do STF. O processo foi anulado.
Além dele, outros deputados também foram liberados de presídios pela decisão do STF.
Em nota ao UOL, Marcus Vinícius afirma que "a própria justiça reconheceu a arbitrariedade da sua prisão. O processo no TRF, por conta dos abusos cometidos, foi anulado". O não é réu, e goza de plena liberdade.
Jefferson X Graciela
Em prisão domiciliar, o presidente de honra do PTB, Roberto Jefferson, anunciou a saída de Graciela Nienov da presidência nacional da sigla em 30 de janeiro. "Sem qualquer condição moral ou política de continuar, ela me pediu demissão e eu aceitei", disse o ex-deputado federal.
Graciela assumiu o comando do partido em agosto do ano passado, depois de o ex-mensaleiro ter tido prisão determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Jefferson é alvo de inquérito sobre as chamadas milícias digitais, que apura a organização de atos com pautas antidemocráticas no país.
O comunicado do ex-deputado vem após a divulgação de áudios vazados de um grupo de WhatsApp em que a ex-presidente da sigla supostamente afirmava ter marcado reunião com Moraes.
"Graciela me desqualificou, me traiu e quis apagar o meu legado e as minhas lutas", comentou Jefferson. Em nota, o STF negou que o ministro tenha se encontrado com Nienov.
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