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Mourão: 'O que são 35 mil comprimidos de Viagra para 110 mil velhinhos?'

24.fev.2021 - O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão; para ele, repercussão de compra de remédio tipicamente usado para tratar disfunção erétil é "coisa de tabloide sensacionalista" - Ueslei Marcelino/Reuters
24.fev.2021 - O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão; para ele, repercussão de compra de remédio tipicamente usado para tratar disfunção erétil é 'coisa de tabloide sensacionalista' Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Do UOL, em São Paulo

14/04/2022 10h08Atualizada em 14/04/2022 13h33

O vice-presidente da República Hamilton Mourão (Republicanos) minimizou a autorização de compra de 35 mil comprimidos de sildenafila, nome genérico do Viagra, pelas Forças Armadas. O remédio é usado tipicamente para tratar disfunção erétil.

Em entrevista ao jornal "Valor Econômico", ele disse que a repercussão do caso é "coisa de tabloide sensacionalista" e que a aquisição abasteceria as farmácias das Forças Armadas.

"Nós temos farmácias. A farmácia vende medicamentos. E o medicamento é comprado com recursos do fundo. Então, tem o velhinho aqui [aponta para si próprio]. Eu não posso usar o meu Viagra, pô? O que são 35 mil comprimidos de Viagra para 110 mil velhinhos que tem? Não é nada", afirmou ele, que é pré-candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul.

Na última segunda-feira, o deputado Elias Vaz (PSB-GO) pediu explicações ao Ministério da Defesa sobre a autorização de compra de 35 mil comprimidos do composto para as Forças Armadas. Os pregões foram descobertos no portal da Transparência e no painel de preços do governo.

Em resposta ao UOL, o Exército e a Marinha disseram que os remédios são para tratar hipertensão arterial pulmonar, doença rara que acomete mais mulheres que homens.

De acordo com Veronica Amado, pneumologista coordenadora da Comissão de Circulação Pulmonar da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia), a dosagem de 25 mg como a do Viagra, não é a prevista na literatura para tratar a condição.

'Não é nada'

O presidente Jair Bolsonaro (PL) também diminuiu a importância da compra, e negou que o composto será usado para disfunção erétil.

"Com todo respeito, não é nada. Quantidade... O efetivo das três forças, obviamente... Muito mais usado pelos inativos e pensionistas", disse ele durante café da manhã no Palácio da Alvorada com pastores e líderes evangélicos.

O governante também criticou a imprensa e comparou a polêmica do Viagra com a repercussão dos R$ 20,2 milhões pagos em 2020 para compra de leite condensado pelo governo federal. O caso veio a público em 2021 em reportagem do site Metrópoles. À época, o UOL analisou dados do Painel de Compras, uma das ferramentas de transparência da União, e verificou que houve uma redução de quase R$ 11 milhões em relação ao montante pago no ano anterior.

Bolsonaro declarou considerar que "apanha todo dia de uma imprensa que tem muita má-fé e que é ignorante também nos assuntos". Na visão dele, os veículos de comunicação não buscaram informações sobre as necessidades que justificariam a compra do Viagra.

"[A imprensa] não procura saber por que comprou aí os seus 50 mil comprimidos de Viagra. Mas faz parte. Como no ano passado apanhamos muito também, eu apanhei, por ter gasto alguns milhões com leite condensado."