Topo

Esse conteúdo é antigo

Bolsonaro e Queiroga atacam Cuba e PT no lançamento do novo Mais Médicos

Colaboração para o UOL, em São Paulo

18/04/2022 17h56Atualizada em 18/04/2022 21h15

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, atacaram hoje (18) Cuba e o PT (Partido dos Trabalhadores) pelo programa "Mais Médicos", criado pelo governo do PT à época da gestão da ex-presidente Dilma Rousseff. As falas ocorreram no evento de lançamento do programa "Médicos pelo Brasil" —que substitui o "Mais Médicos", e deve reforçar o atendimento do SUS (Sistema Único de Saúde).

Queiroga exaltou o governo Bolsonaro e disse que o novo programa servirá "de verdade" para a assistência à população. Ao relembrar o "Mais Médicos", declarou, sem citar nomes, que a antiga iniciativa "importava médicos de uma ditadura da América Latina".

"Todos nós lembramos o que aconteceu no ano de 2013-2014, o governo que estava de plantão à época trouxe um programa que consistia em importar médicos de uma ditadura aqui da América Latina. E esse programa, esses médicos que vinham para o Brasil, 80% do que eles recebiam era retornado para o país de origem", disse o ministro da Saúde.

Bolsonaro reforçou o discurso de Queiroga e disse que o novo programa não é uma "continuação do programa Mais Médicos da senhora Dilma Rousseff". O antigo programa foi criado em 2013 para atender regiões do país com baixa cobertura médica, mas sem necessidade de revalidação do diploma.

A participação de profissionais cubanos sem diploma brasileiro, uma tônica do projeto, foi duramente criticada pelo presidente Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018. Citando a época do início do programa, quando era parlamentar, o presidente afirmou que a iniciativa foi pouco discutida pelos colegas.

"Entre outras coisas, 80% do salário ia diretamente para Fidel Castro, o pessoal ficava com aproximadamente 20% aqui [no Brasil]", disse o chefe do Executivo, sem apresentar provas.

Também sem comprovação, o mandatário comentou que a "esquerda" não permitiu à época que os médicos do programa recebessem seus salários pela Caixa Econômica Federal ou Banco do Brasil através de uma alteração do projeto inicial dos "Mais Médicos". "Tentamos ainda fazer o mínimo de teste na pessoa, não é um revalida, não. (...) Tenho certeza que a maioria não conseguiria responder."

Ataque aos cubanos

Bolsonaro ainda sugeriu a existência de infiltrados no programa e relembrou que na sua pré-campanha em 2018 prometeu dar asilo aos médicos cubanos que permanecessem no país, no entanto, eles "fugiram" após sua posse.

"Ali tinha cubano, os Vespas Negras, o pessoal das Forças Especiais Cubanas, tinha tudo o que não interessava para a medicina. Eles fugiram do Brasil. A gente via as filas enormes nos aeroportos."

Sem provas, ele ainda apontou que o PT e o apoio da base do governo na ocasião fizeram com que os cubanos ficassem no Brasil "como escravos" em razão do programa, apontando que eles ainda tinham dificuldades de se integrar com a sociedade.

Ele [cubano] não podia se integrar com a sociedade. Era isso que acontecia com esses. Seus familiares ficavam em Cuba e se eles não cumprissem o que estava terminado, os seus familiares sofriam lá. O apoio do PT e, lamentavelmente, da base do governo, foram praticamente unânimes para eles ficarem aqui como se escravos fossem."
Jair Bolsonaro em evento da iniciativa "Médicos pelo Brasil"

"Esse era o programa do passado, 'Mais Médicos', do PT. Um serviço que escravizava os nossos irmãos cubanos e não atendiam a população, que não sabiam absolutamente nada de medicina"

Segundo o presidente, os cubanos não sabiam de medicina, mas a população não entendia isso porque era bem tratada pelos profissionais. Por fim, o mandatário ainda exaltou o fim do programa "Mais Médicos" no país.

"Na verdade, enganavam o povo brasileiro com pessoas humildes também que estavam aqui cumprindo uma missão do regime cubano. Bem, Fidel Castro não viu acabar isso porque ele foi para um lugar bastante quente, em 2016, e nós conseguimos aqui, só Deus pode explicar a nossa vitória em 2018, fizemos com que esse programa fosse colocado um ponto final e a população deixasse de ser enganada", completou Bolsonaro.

Novo programa e contratações

No evento, o governo federal anunciou a contratação de 529 profissionais de saúde, entre médicos e tutores, na primeira etapa do programa Médicos pelo Brasil, que vai substituir gradativamente o Mais Médicos. O programa visa o "atendimento a locais com dificuldade de provimento e alta vulnerabilidade".

De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 1,7 mil profissionais serão convocados até o fim de abril e 4,6 mil ao longo do próximo ano, para atender quase 2 mil cidades brasileiras.

A oficialização dos primeiros médicos vem quase três anos após o lançamento do programa, em 1º de agosto de 2019. O Médicos pelo Brasil prevê a entrada de médicos estrangeiros ou brasileiros formados no exterior, mas apenas mediante a aprovação no exame Revalida, que dá valor legal ao diploma de outro país.

O Mais Médicos, do PT, foi criado em 2013 para atender regiões do país com baixa cobertura médica, mas sem necessidade de revalidação do diploma. A participação de profissionais cubanos sem diploma brasileiro, uma tônica do projeto, foi duramente criticada pelo presidente Jair Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018.

De acordo com o Ministério da Saúde, o governo federal investiu cerca de R$ 783,6 milhões no programa, que pagará os profissionais dentro das normas da CLT e oferecerá benefícios adicionais para quem se dispuser a trabalhar no interior do país.

*Com Estadão Conteúdo

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.