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Bolsonaro diz que perdão a Silveira foi para 'garantia da nossa liberdade'

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

22/04/2022 16h14

Um dia depois de perdoar por decreto o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a 8 anos e 9 meses de prisão, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou hoje em evento na Bahia que o indulto concedido serviu para "garantia da nossa liberdade".

Polêmico, o indulto é contestado pela oposição, que hoje fez uma ofensiva jurídica para derrubar o decreto. Somente no STF, quatro ações diferentes foram protocoladas: da Rede Sustentabilidade, do PDT, do Cidadania e uma reclamação do senador Renan Calheiros (MDB).

Bolsonaro falou na tarde de hoje na cidade de Porto Seguro, onde participou da "Homenagem aos 522 anos de chegada dos portugueses ao Brasil", celebração com clima de culto pentecostal e campanha eleitoral.

Depois de canções, oração, leitura da Bíblia e discursos de aliados, Bolsonaro foi chamado à tribuna aos gritos de "mito, mito, mito".

O perdão

Sob aplausos e gritos de "liberdade", Bolsonaro falou sobre o indulto a Daniel Silveira, embora tenha evitado citar o nome do aliado. De acordo com o presidente, sua decisão serviu para "garantia da nossa liberdade".

Ontem foi um dia importante para o nosso país, não pela pessoa em jogo [Daniel Silveira], mas pelo simbolismo de que nós temos mais do que o direito, mas a garantia da nossa liberdade."
Jair Bolsonaro, presidente da República

Bolsonaro afirmou ainda que "as decisões muitas vezes são difíceis, mas eu sei que, pior do que decisão mal tomada, é uma indecisão". E avisou:

Nós não deixaremos de, na hora certa, seja com o sacrifício do que for, tomar a frente e dar um rumo ao Brasil."
Jair Bolsonaro, presidente da República

Clima de campanha

Antes de assumir a tribuna, Bolsonaro ouviu um discurso com tom eleitoral proferido pelo ex-ministro João Roma (Cidadania), deputado federal (PL-BA) e pré-candidato ao governo da Bahia.

"Precisamos de gestores que olhem para o nosso povo sofrido", afirmou. "É esse Brasil que nós queremos; é esse Brasil que não abandonaremos; é com esse Brasil e com Bolsonaro que estaremos juntos em 2022", discursou.

Com a voz rouca, Bolsonaro assumiu o microfone relembrando a campanha de 2018 e a facada que recebeu em setembro daquele ano para só então falar sobre seu mandato.

Disse que a economia brasileira "é uma das melhores se for levado em conta o mundo todo", apesar da guerra na Ucrânia e da pandemia de covid-19.

O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro encolheu 3,9% em 2020 e cresceu 4,6% em 2021. O Brasil vem sofrendo com a disparada da inflação, sobretudo dos alimentos e dos combustíveis.

Em março, a inflação foi de 1,62%, a maior para o mês em 28 anos, desde 1994, antes da implementação do Plano Real. A inflação acumula 11,3% nos últimos 12 meses, muito acima da meta de inflação do Banco Central para este ano, de 3,5%.

Depois de criticar a oposição por "obrigar" a população a ficar em casa e "destruir" a renda do brasileiro, Bolsonaro atribui a si o pagamento do auxílio emergencial —cujo valor foi na verdade definido e aprovado pelo Congresso. Quando o auxílio foi criado, em 2020, o governo propôs pagar R$ 200 mensais. A Câmara achou pouco e subiu o valor para R$ 500 durante a tramitação da proposta. O presidente, então, disse que aceitava pagar R$ 600 mensais.

Bolsonaro também lembrou a instituição do Auxílio Brasil, que substitui o Bolsa Família. O novo programa subiu o valor do benefício para pelo menos R$ 400, mas o valor só vale até o final deste ano eleitoral.