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Silveira recorre da multa de R$ 405 mil e cita 'sobrevivência da família'

Alexandre de Moraes e Daniel Silveira - Marcelo Chello/Estadão Conteúdo;Gabriela Bilo-20.abr.22/Folhapress
Alexandre de Moraes e Daniel Silveira Imagem: Marcelo Chello/Estadão Conteúdo;Gabriela Bilo-20.abr.22/Folhapress

Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Brasília

09/05/2022 19h47

A defesa do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) protocolou hoje no STF (Supremo Tribunal Federal) um pedido para que o ministro Alexandre de Moraes reconsidere a decisão de aplicar multa de R$ 405 mil ao congressista. A pena foi imposta depois de o parlamentar ter descumprido determinações da Corte, como o uso da tornozeleira eletrônica e a proibição de participar de eventos públicos.

No documento enviado ao STF, a defesa do parlamentar bolsonarista afirma que a multa tem "natureza abusiva" e "coloca em risco a sobrevivência e a dignidade" da família de Silveira.

Caso não seja possível a suspensão da decisão inicial, os advogados pedem que Moraes submeta o caso para julgamento no plenário do STF. Consultada pelo UOL, a defesa de Silveira informou que, após descontos obrigatórios, o salário líquido do parlamentar bolsonarista é de R$ 25,7 mil —o valor é 6,3% da multa aplicada pelo ministro.

"A sanção pecuniária aplicada é desproporcional e desarrazoada sob qualquer ótica. O valor da multa, superior a R$ 400 mil, supera o montante de 16 meses do salário do deputado", dizem os advogados.

Caso não sejam acolhidos os pleitos anteriores, requer seja reconhecida a natureza abusiva, desproporcional e desarrazoada da sanção pecuniária instituída na decisão agravada, cujo pagamento é inviável, minorando os valores impostos e a impenhorabilidade do salário de Silveira, que tem caráter alimentar e cuja indisponibilidade coloca em risco a sobrevivência e a dignidade de sua família.
Defesa da Daniel Silveira, deputado federal, em recurso ao STF

Na semana passada, Silveira se recusou a receber notificação da decisão em que Moraes determinou que o congressista fosse multado por ter descumprido medidas cautelares em 27 ocasiões.

"Uma vez que —ao encontrá-lo e me identificar como oficial de Justiça do STF— ele se recusou a receber o mandado e afirmou que não vai mais usar tornozeleira, pois está cumprindo decreto do presidente da República", afirmou a oficial de Justiça responsável pela notificação, em referência ao indulto individual concedido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) depois de o parlamentar ter sido condenado no STF a 8 anos e 9 meses de prisão, acusado de estimular atos com pautas antidemocráticas no país.

As condutas do réu, que insiste em desrespeitar as medidas cautelares impostas nestes autos e referendadas pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, revelam o seu completo desprezo pelo Poder Judiciário, comportamento verificado em diversas ocasiões durante o trâmite desta ação penal e que justificaram a fixação de multa diária para assegurar o devido cumprimento das decisões desta Corte"
Alexandre de Moraes, ministro do STF

Na decisão, Moraes determinou ao BC (Banco Central) que efetue o bloqueio imediato de todas as contas bancárias de Daniel Silveira, "inclusive para recebimento de qualquer tipo de transferência".

O Bradesco informou ao Supremo que bloqueou as contas bancárias do deputado. De quatro contas registradas no nome do bolsonarista na instituição financeira, três aparecem com saldo zerado. Num título de aplicação automática de recursos, o rendimento disponível é de R$ 561,45. Esse valor é 0,13% da dívida do parlamentar com o STF.

Bolsonaro deverá explicar indulto individual

A ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Rosa Weber deu dez dias para que o presidente Jair Bolsonaro (PL) explique o perdão concedido ao deputado federal Daniel Silveira. Na avaliação de Rosa, o processo tem "especial significado para a ordem social e a segurança jurídica".

Requisitem-se informações ao Presidente da República, a serem prestadas no prazo de 10 (dez) dias. Após, dê-se vista ao Advogado-Geral da União e ao Procurador-Geral da República, sucessivamente, no prazo de 05 (cinco) dias.
Rosa Weber, ministra do STF

Na mesma determinação, a ministra abre prazo de cinco dias, que serão contados após a resposta do presidente, para que a AGU (Advocacia-Geral da União) e a PGR (Procuradoria-Geral da União) se manifestem sobre o caso.

Em sua primeira sustentação oral na Corte, a vice-PGR Lindôra Araújo pediu na semana passada a condenação do parlamentar.

Para a procuradora, o bolsonarista Silveira, por meio de suas redes sociais, usou mensagens depreciativas e linguagem repugnante capazes de pôr em perigo a paz pública; colocou em xeque a existência do Poder Judiciário e atacou o direito de personalidade de um dos ministros, mediante grave ameaça à sua integridade física.