Jornal: empresário diz à PF que pagou reforma de escritório de Jair Renan
Em depoimento à PF (Polícia Federal), o empresário Luís Felipe Belmonte confirmou que pagou o montante de R$ 9,5 mil para reformar um escritório usado por Jair Renan Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), em Brasília, segundo informações divulgadas hoje pelo jornal "O Globo".
Jair Renan, também conhecido como filho "Zero Quatro" de Bolsonaro, é investigado por tráfico de influência, mas a defesa nega que ele tenha atuado para ajudar empresários com o governo federal. (Veja nota abaixo)
Segundo a publicação, Luís Felipe Belmonte atuou na criação do partido Aliança para o Brasil, legenda na qual Bolsonaro chegou a dizer que se filiaria após saída conturbada do PSL. O partido, no entanto, nunca chegou a ser lançado. Depois disso, diz "O Globo", o empresário se tornou dirigente do PSC no Distrito Federal.
À PF, Belmonte informou que o pedido de ajuda financeira para uma obra de melhoria em uma sala comercial ocupada pelo filho do presidente foi feito pelo próprio Renan Bolsonaro e por Allan Lucena, seu personal trainer e então parceiro de negócio.
A arquiteta Tânia Fernandes, responsável pela reforma, teria confirmado ainda ao "Globo" o recebimento dos recursos de Belmonte.
"Neste orçamento, foi feito o pagamento de materiais e mão de obra. É mais uma maquiagem do local, pois obra mesmo do tipo estrutural, ou alterações não ocorreu. No final, prestei contas e gerei o recibo de pagamento, como todo profissional faz", disse ela.
Em nota enviada ao UOL, o advogado Frederick Wasseff negou que Renan, seu cliente, tenha solicitado qualquer tipo de pagamento e que o seu nome foi usado indevidamente.
"Renan Bolsonaro não solicitou dinheiro a ninguém, não recebeu um único real de quem quer que seja, não recebeu carro de presente, não atuou para nenhuma empresa, não solicitou que ninguém pagasse nada a ninguém e seu nome foi usado indevidamente. Não marcou reunião em nenhum ministério", disse.
"Alguém, criminosamente, tem planos de ficar divulgando um inquérito que tramita em sigilo a conta-gotas, para ficar produzindo matérias jornalísticas com objetivo de pressionar autoridades e atingir o filho do presidente", acrescentou, em áudio.
Reforma em escritório no Mané Garrincha
Jair Renan abriu um escritório em um camarote do estádio Mané Garrincha, em Brasília. Segundo ele, o espaço seria usado para gravar vídeos para as redes sociais.
Mensagens obtidas pela PF mostram que empresários foram procurados para pagar pela reforma do espaço. Nas conversas, a arquiteta responsável, Tânia Fernandes, brinca e chama as contribuições de empresários de "bolsa móveis" e "bolsa reforma".
Uma das empresas procuradas fornece móveis como poltronas, cadeiras e mesas de escritório para o governo federal e desde 2019 já recebeu R$ 25,4 milhões em contratos.
Jair Renan disse que o responsável por captar patrocínios é o seu personal trainer, Allan Lucena. O jornal afirma ter procurado o treinador, que não quis comentar o assunto.
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