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Flávio Bolsonaro: governo não está fazendo 'pouco caso' de desaparecidos

Do UOL, em São Paulo

13/06/2022 17h12Atualizada em 13/06/2022 21h58

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), saiu em defesa da gestão do pai e declarou que o governo federal não está "fazendo pouco caso" do desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips. Ambos estão desaparecidos desde o dia 5 de junho na região do Vale do Javari, oeste do Amazonas.

É uma angústia enquanto não se tem uma confirmação, seja para que lado for, mas deixo a mensagem que é óbvio que o governo não está fazendo pouco caso, como alguns têm dito. Inclusive, alguns começam a politizar um drama como esse. Não apenas alguns senadores, como parte da imprensa também, estão querendo vincular um fato angustiante como esse a alguma relação com o presidente Bolsonaro, que colocou todos os instrumentos, recursos humanos à disposição para que possamos fazer essa grande operação. Flávio Bolsonaro durante a sessão deliberativa do Senado, na tarde de hoje

O filho do presidente disse ainda que essa é uma "pauta que une a todos nós, independente de partido, que é o combate ao crime organizado que é o grande problema daquela região".

Flávio afirmou que o estado do Amazonas conta com áreas inóspitas, de difícil acesso, e há uma "dificuldade de recursos humanos para monitorar uma área tão grande. "Ali é sim o problema de crime organizado", declarou, minimizando que essa situação não "é de agora, do governo atual", mas algo "histórico".

Mesmo com as "dificuldades", o político apontou ações que o governo vêm realizando para encontrar os desaparecidos e destacou ser "óbvio que todos nós torcemos para que eles sejam encontrados com vida"

"Independente do que se vem a se desdobrar do sumiço do Bruno Pereira e do Dom Phillips é importante ressaltar que o governo federal lançou mão de todos os recursos que estavam à sua disposição. São mais de 200 militares; são policiais federais, agentes da Funai (Fundação Nacional do Índio), em sintonia com as forças policiais do estado do Amazonas, que estão fazendo essa grande operação de busca."

"Há um permanente contato do governo federal para dar suporte aos indígenas. [A minha fala é] apenas para combater essa tentativa de tentar politizar um caso como esse e, mais uma vez, prestar a minha solidariedade às famílias do Bruno e do Dom", concluiu o político.

Apesar da declaração de Flávio, na quinta-feira (9), quatro organizações indigenistas acusaram o governo brasileiro de omissão nas buscas pelo indigenista e o jornalista. Em nota, elas afirmam que "as informações acerca do cenário das buscas revelam a omissão dos órgãos federais de proteção e segurança, assim como das Forças Armadas".

Também como mostrou o colunista do UOL Jamil Chade, no sábado, a CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos) decretou medidas cautelares contra o governo brasileiro em razão do sumiço. Segundo a comissão, os desaparecidos "se encontram em uma situação grave e urgente de risco de danos irreparáveis a seus direitos".

Declarações do presidente

Mais cedo, Bolsonaro afirmou que indícios levam a crer que será difícil encontrar o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira com vida.

Estou acompanhando [as buscas dos corpos do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira]. Agora, os indícios levam a crer que fizeram alguma maldade com eles. Foram encontradas vísceras humanas, que já estão aqui em Brasília para se fazer o DNA.
Jair Bolsonaro, em entrevista à rádio CBN Recife

"E, pelo tempo, já temos aqui oito dias, vai ser muito difícil encontrá-los com vida. Eu peço a Deus que os encontrem com vida, mas os indícios levam para o contrário no momento", acrescentou.

Na última terça-feira (7), o mandatário disse considerar uma "aventura não recomendável" a viagem pela região amazônica feita por Dom e Bruno.

Questionado sobre o assunto em entrevista ao SBT, Bolsonaro respondeu: "Realmente, duas pessoas apenas em um barco, numa região daquelas, completamente selvagem... É uma aventura que não é recomendável que se faça. Tudo pode acontecer. Pode ser um acidente, pode ser que eles tenham sido executados... Tudo pode acontecer. A gente espera e pede a Deus que sejam encontrados brevemente. As Forças Armadas estão trabalhando com muito afinco na região."

Hoje, a família de Dom Phillips afirmou que foi informada que dois corpos teriam sido localizados nas áreas de buscas, e que seriam periciados. Em nota, a Polícia Federal afirmou que "não procedem as informações a respeito de terem sido encontrados os corpos de Bruno Pereira e Dom Phillips". Ainda segundo a corporação, "como já divulgado, foram encontrados materiais biológicos que estão sendo periciados e os pertences pessoais dos desaparecidos". Ontem, uma mochila com objetos foi localizada.

Onde o indigenista e o jornalista desapareceram - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL