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Bolsonaro ataca Lula por declarações sobre sequestro de Abílio Diniz

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília*

20/06/2022 11h50

O presidente e pré-candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) atacou hoje o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), contra quem vai concorrer em outubro, e criticou o adversário pelas declarações da última sexta-feira (17) sobre o sequestro do empresário Abílio Diniz. Em conversa com apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada, em Brasília, o governante afirmou considerar que o oponente deu "um recado" a criminosos.

Há três dias, Lula disse publicamente que, em 1998, intercedeu junto ao então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) pela libertação dos suspeitos envolvidos no sequestro. A declaração foi dada em evento do PT em Maceió, durante uma série de visitas do petista ao Nordeste.

"Esses dez [presos pelo crime] eram cinco chilenos, dois argentinos, dois canadenses e um brasileiro. Estavam no segundo sequestro. Tinham sequestrado uma pessoa há sessenta e poucos dias, por último sequestraram o Abílio Diniz. Havia um pedido de resgate de 30 milhões de dólares pelo Abílio Diniz. E daí [Lula] falou que esses meninos cometeram um equívoco", comentou Bolsonaro.

"Um sequestro... Um sequestro é planejado, pessoal. Ninguém... Ah, vou sequestrar o João aí... Ele vê quem é o João, onde ele mora, a rotina de vida dele, onde vai ser o cativeiro, como vai ser as negociações... Agora, porque o Lula tocou nesse assunto, alguém tem ideia? Ele deu um recado para todos os narcotraficantes e bandidos do Brasil que... Estamos juntos."

Na sexta (17), Lula reconheceu ter participado do processo que culminou na extradição dos envolvidos, a maioria de estrangeiros, enquanto falava sobre sua amizade com o senador Renan Calheiros (MDB-AL), um dos ministros da Justiça do governo FHC.

"Eles iam entrar em greve seca, que é ficar sem comer e sem beber, e aí é morte certa. Aí, eu então fui procurar o ministro da Justiça, Renan Calheiros, que depois de uma longa conversa me disse para falar com o presidente Fernando Henrique Cardoso, porque ele teria toda disposição de mandar soltar o pessoal", disse Lula.

Durante o relato, o petista recordou que à época do crime os sequestradores teriam afirmado que foram obrigados a vestir camisetas com a logomarca do PT, para que o partido fosse relacionado ao caso, fato nunca confirmado. Lula seguiu a narrativa dizendo que, de fato, foi procurar o tucano:

"Eu disse: Fernando, você tem a chance de passar para história como um democrata ou como o presidente que permitiu que dez jovens que cometeram um erro morressem na cadeia, e isso não vai (se) apagar nunca".

De acordo com Lula, FHC teria garantido que concederia a soltura se o petista convencesse os presos a encerrarem a greve de fome. Logo após, o ex-presidente diz que foi à cadeia onde estavam os detentos e pediu a palavra do grupo de que encerrariam a greve de fome para que fossem soltos.

"Hoje não sei onde estão", finalizou.

Em abril de 1998, no último ano do primeiro mandato de FHC, o governo federal deu andamento ao processo de extradição dos sequestradores estrangeiros, mas nunca admitiu relação da decisão tomada com a ameaça de greve de fome.

*Com informações do Estadão Conteúdo