PF abre inquérito para investigar ameaças a juiz que mandou prender Ribeiro
A PF (Polícia Federal) abriu um inquérito para investigar as ameaças relatadas pelo juiz federal Renato Borelli, da 15ª Vara Federal de Brasília, responsável por mandar prender o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. Ontem, o carro do magistrado foi atingido com fezes de animais, estrume, terra e ovos enquanto ele dirigia.
Ao UOL, a PF do Distrito Federal declarou que "a Justiça Federal, por meio da Coordenação de Segurança, tem contribuído com os trabalhos investigativos do órgão".
Desde a deflagração da Operação Acesso Pago, que investiga o suposto tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), Borelli vem relatando retaliações por sua decisão, como ameaças pela internet, atribuídas pela Justiça Federal a "grupos de apoio" ao ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro (PL).
No dia 23 de junho, o desembargador do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) Ney Bello revogou a decisão de Borelli e determinou a soltura de Milton Ribeiro e dos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, que também foram presos e são investigados.
Após a prisão, a defesa de Ribeiro divulgou uma nota em que diz que "inexiste razão para a prisão preventiva editada" e que a "custódia é injusta, desmotivada e indiscutivelmente desnecessária".
CNJ recomenda medidas do TRF-1 pode tomar em favor de Borelli
À reportagem, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) informou que o Comitê Gestor do Sistema Nacional de Segurança do Poder Judiciário aprovou o parecer do Departamento de Segurança Institucional, vinculado ao CNJ, em que recomenda medidas de segurança que o TRF-1 pode tomar em favor da proteção do juiz Renato Borelli.
"O ofício do Comitê foi enviado ao TRF-1 nesta quinta-feira (7/7). Não é possível detalhar, neste momento, as ações de segurança a serem adotadas para preservar a segurança do magistrado", declarou o CNJ ao UOL.
Escândalo no MEC
Em março deste ano, a Folha de S. Paulo obteve um áudio em que o então ministro da Educação Milton Ribeiro diz que o governo federal prioriza prefeituras ligadas aos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos. Sem cargos, eles atuariam em um esquema informal de obtenção de verbas da pasta.
Segundo Ribeiro, essa é uma solicitação do presidente Bolsonaro: "Foi um pedido especial que o Presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar".
Dias depois, o então ministro foi exonerado do cargo, mas sem perder o apoio da família Bolsonaro. A primeira-dama Michelle Bolsonaro disse acreditar na inocência dele: "Só posso dizer que eu amo a vida dele. Deus sabe de todas as coisas, vai provar que ele é uma pessoa honesta, e justa, fiel e leal".
Já o presidente falou que se arriscaria por Ribeiro: "O Milton, coisa rara eu falar aqui, eu boto a minha cara no fogo pelo Milton. Minha cara toda no fogo pelo Milton".
Em uma live, Bolsonaro ainda classificou como "covardia" a pressão para que Ribeiro deixasse o cargo e disse que a situação expressava a falta de corrupção em seu governo.
Ontem, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), leu o requerimento de instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do MEC que quer apurar supostas irregularidades no repasse de verbas da pasta e do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). A CPI deve ser instalada apenas após as eleições de outubro de 2022.
*Com Agência Brasil
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