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No Planalto, Bolsonaro faz declaração à imprensa sem a imprensa

MATEUS BONOMI/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: MATEUS BONOMI/ESTADÃO CONTEÚDO
Hanrrikson de Andrade e Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

11/07/2022 14h30Atualizada em 20/07/2022 13h21

O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez hoje um "pronunciamento à imprensa" sem a presença da maioria dos jornalistas que cobrem as atividades do chefe do Executivo federal.

O veto a repórteres e fotógrafos que aguardavam no segundo andar do Planalto teria ocorrido por decisão do comando da Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social), segundo informações da equipe de seguranças. Não houve esclarecimentos por parte da pasta.

Mais cedo, Bolsonaro comentou o caso do homicídio contra um militante petista em Foz do Iguaçu (PR). Ele disse que considera não ter qualquer tipo de relação com a morte de Marcelo Arruda, assassinado a tiros por um apoiador bolsonarista, o agente penal Jorge José da Rocha Guaranho. O crime ocorreu na noite de sábado (9).

"O cara [em referência a Arruda] faz um boletim de ocorrência, diz ele que [o agressor] chega lá gritando 'sou Bolsonaro'... Eu não vi... E eles grafaram na Folha de S.Paulo: 'bolsonarista mata'. Quando o Adélio me esfaqueou, ninguém falou que ele era filiado ao PSOL", disse o presidente.

Enquanto os profissionais permaneciam restritos a área distante do local do pronunciamento, Bolsonaro falava sobre o encontro de hoje com a presidente da Hungria, Katalin Novák. O governante também revelou ter marcado para a próxima segunda-feira (18) uma conversa por telefone com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

Entre outros assuntos, Bolsonaro e Zelensky devem conversar sobre o conflito no país europeu, que está sob ofensiva da Rússia desde fevereiro.

Este será o primeiro diálogo entre os dois líderes desde o começo da guerra. Bolsonaro é visto com ressalvas pela comunidade ucraniana, pois mais de uma vez declarou posição de neutralidade em relação ao conflito no leste europeu.

O presidente brasileiro visitou a Rússia, país agressor, e teve um encontro com Vladimir Putin pouco antes dos primeiros disparos de artilharia.

A seus apoiadores, o mandatário do Palácio do Planalto tem defendido a tese de que a agenda foi fundamental para que o país garantisse a compra de fertilizantes e insumos necessários ao agronegócio.

"No próximo dia 18, tenho um telefonema acertado com o Zelensky. Assim como, depois da minha visita à Rússia, antes do conflito, tive uma outra conversa com o presidente Putin. E nós queremos cada vez mais fazer o possível pela paz. Sabemos que a verdade muitas vezes machuca, mas não tem outro caminho sem ser através dela para buscarmos um convívio pacífico entre os povos."

Encontro com presidente da Hungria

Bolsonaro disse ainda entender que as duas nações compartilham dos mesmos valores.

"Temos muita coisa em comum, em especial a defesa dos valores familiares. Somos pela liberdade religiosa, pela liberdade de imprensa. Eu disse-lhe agora pouco que tenho um rito. Todo dia, ao me levantar e antes de ir à Presidência, dobrar os joelhos, rezar um Pai Nosso e pedir que o povo brasileiro não experimente as dores do comunismo."

Katalin é aliada do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, símbolo da extrema-direita mundial e com quem Bolsonaro compartilha a pauta conservadora.

Em fevereiro, Bolsonaro visitou a Hungria após a passagem pela Rússia. Em aceno à sua base de apoiadores mais radicalizada em ano eleitoral, o presidente chamou Orbán de "irmão" e destacou a comunhão de valores entre seu governo e o do país europeu.