Lula vai a convenção do PSB e tenta resolver desavenças da aliança
O PSB realiza hoje (29) em Brasília a convenção nacional para chancelar o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) como vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Planalto. O petista participará do evento.
Diferentemente do PT, que optou por uma convenção protocolar, sem a presença dos candidatos, o PSB fará um grande ato com seus principais nomes e presença de integrantes da campanha lulista. O encontro ocorre na tarde de hoje em um hotel de luxo.
A presença de Lula —que, em viagem ao Nordeste, não participou nem do encontro petista no último dia 21— é tida como um gesto amigável a Alckmin e ao PSB em um momento delicado da aliança em alguns estados. O ex-presidente deverá falar, mas a estrela do dia será o ex-governador.
Depois de 33 anos no PSDB, Alckmin se filiou ao PSB no fim de março já sob o acordo para ser vice na chapa de Lula, desenrolado no segundo semestre do ano passado. Desde então, os antigos adversários vão a quase todos os eventos públicos juntos e trocam diversos afagos nos discursos.
A coligação foi formalizada com aprovação dos respectivos diretórios no início de abril, mas, para registro na Justiça Eleitoral, é preciso que sejam aprovadas também em convenção nacional de cada partido, realizadas entre 20 de julho e 5 de agosto. A do PT ocorreu na semana passada.
Mas a ida de Lula a Brasília, onde está desde ontem (28), tem o objetivo também de aparar as últimas arestas da aliança entre os dois partidos. Como fez na viagem anterior à capital federal, no meio do mês, o ex-presidente tem participado de reuniões para tentar resolver alguns entraves.
No último mês, a aliança conseguiu resolver intercorrências:
- no Espírito Santo, onde apoiarão a reeleição de Renato Casagrande (PSB);
- em São Paulo, onde estarão com Fernando Haddad (PT); e
- em Santa Catarina, com Décio Lima (PT).
Mas ainda há estados importantes sem definição. Entre eles, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. No primeiro, a aliança em torno do deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ) já estava fechada, com direito a palanque, eventos juntos, jingle e fotos, mas chegou a ser ameaçada após a convenção estadual do PSB manter o nome do também deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) como candidato ao Senado.
Segundo o PT, o acordo estabelecido tinha o deputado estadual André Ceciliano (PT-RJ), presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), como candidato ao Senado ao lado de Freixo e Lula.
O PSB fluminense se apoia na decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que permitiu o lançamento de dois nomes ao Senado na mesma aliança.
Com a briga, o PT cancelou a convenção estadual fluminense e chegou a ameaçar a retirada do apoio a Freixo durante a convenção nacional. Esta seria a pior opção para Lula, que tem boa relação com o deputado e já vinculou seu nome a ele —por isso, deve se reunir com Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB, para resolver o assunto sem maiores cisões.
No Rio Grande do Sul, o PT lançou o nome do deputado estadual Edegar Pretto (PT-RS) enquanto o PSB gaúcho colocou o ex-deputado Beto Albuquerque (PSB).
A disputa é antiga e foi objeto de crítica do ex-presidente quando ele visitou Porto Alegre na primeira viagem de pré-campanha, no início de junho. Na ocasião, o PSB se recusou a participar do grande ato petista e Lula reclamou publicamente.
Nesta semana, a desavença ganhou um novo contorno quando a presidente petista, Gleisi Hoffmann, afirmou à Folha de S. Paulo, que o PSB havia tirado a pré-candidatura de Beto ao Palácio Piratini. Enfurecidos, o ex-deputado e o diretório estadual se posicionaram, negando a informação.
Resolver essas questões é uma das prioridades para Lula e para a campanha que não só querem reforçar o discurso de união e frente ampla pela democracia como acreditam que este tipo de disputa pública acaba resvalando de uma forma ou de outra na candidatura federal.
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