Live de Bolsonaro tem críticas à 'cartinha' e economia 'uma maravilha'

A tradicional live do presidente Jair Bolsonaro (PL) às quintas-feiras teve críticas a cartas pela democracia, que foram lidas hoje em atos, elogios à economia brasileira, presença breve do ministro da Educação, comentários sobre os filhos e menções em tom de vitória sobre a participação dele no podcast Flow na segunda-feira (8).

Bolsonaro fez críticas a atos pela democracia na transmissão ao vivo de hoje ao mostrar uma edição da Constituição e repetiu que os manifestos pela democracia são uma "cartinha". "Alguém discorda que essa daqui é a melhor carta da democracia? Alguém tem dúvida? Acha que outro pedaço de papel qualquer substitui isso daqui?", questionou.

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O presidente, então, fez ataques contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu principal rival na eleição deste ano, e o PT. "O símbolo máximo do PT assinou a carta juntamente com sua jovem esposa", falou sobre Janja, socióloga e esposa do petista.

Após a live, Bolsonaro foi ao Twitter para fazer novas críticas à carta pela democracia. O presidente chamou o ato de hoje de "micareta do PT", fez ironias e citou "ditaduras como Cuba, Nicarágua e Venezuela".

Bolsonaro distorceu ao afirmar que "o PT não assinou a carta da democracia em 1988". "O PT assinou a constituição de 88? A a bancada toda do PT não assinou essa carta democracia de 88 e agora quer assinar essa cartinha democracia?", afirmou Bolsonaro na transmissão.

Apesar de ter criticado o texto, o PT assinou a Constituição. Conforme registro da época, o PT afirmou :"é por isto que o Partido dos Trabalhadores vota contra o texto e, amanhã, por decisão do nosso diretório - decisão majoritária - o Partido dos Trabalhadores assinará a Constituição, porque entende que é o cumprimento formal da sua participação nesta Constituinte."

Bolsonaro disse também que "pessoal faz uma ronda agora sobre carta democracia para tentar atingir a mim", em referência aos diversos presidenciáveis e ex-presidentes que endossaram cartas em favor da democracia, em meio a ataques do presidente às urnas eletrônicas e ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Fazer cartinhas, servir de passaporte para dizer que é bom moço, não funciona, tem que dar exemplo aqui
Jair Bolsonaro em transmissão ao vivo

"A economia está uma maravilha", anunciou Bolsonaro, em outro ponto da live, na semana em que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o Brasil teve deflação de 0,68% em julho. É a menor taxa já registrada pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) desde o início da série histórica, em janeiro de 1980.

A inflação negativa, puxada pela redução do preço dos combustíveis e energia, ainda não alivia o alto valor dos alimentos e o grave impacto que produz sob as pessoas mais pobres no país.

No momento atual da economia brasileira, a deflação é bem-vinda, pois dá um alívio para os consumidores, melhora o poder de compra e estimula o consumo. A inflação negativa pode ser um risco apenas se ela for muito duradoura, por um ano inteiro, por exemplo. Aí provoca efeito contrário.

O ministro da Educação, Victor Godoy, apareceu por poucos minutos na live para informar que a pasta "pagou o montante de quase R$ 3,7 milhões para 9,2 mil estudantes do Prouni (Programa Universidade para Todos). "Pessoal do Prouni o dinheiro está disponível a partir de amanhã".

Bolsonaro usou fala sobre filhos e filha na tentativa de se aproximar ao eleitorado feminino, de quem sofre rejeição. Apresentando a transmissão apenas com a tradutora de Libras ao lado, Bolsonaro brincou com o filho "04", Jair Renan, por trás das câmeras. O presidente disse que a "05", Laura, é a mais importante dos filhos. A caçula é a única filha do presidente.

O presidente também comentou o veto para o reajuste salarial dos policiais, publicado na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2023. "Não leva a nada isso que está na LDO [para policiais], então foi vetado. Não soma nada, nem subtrai nada", afirmou antes de reclamar que "teve gente revoltada".

A fala referencia a publicação de nota de repúdio da Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) hoje sobre a decisão, que relatou "sentimentos de decepção, abandono e indignação" pela classe.

Bolsonaro voltou a criticar debates e fez elogios ao Flow ao dizer ser "muito melhor" participar de programas online. O presidente exaltou sua ida ao podcast Flow, na segunda-feira (8), em uma conversa que durou mais de cinco horas. Hoje, o consórcio de veículos de imprensa suspendeu o debate presidencial por falta de confirmação de Lula e do chefe do Executivo.

Ao repercutir a audiência do Flow hoje, Bolsonaro elogiou o formato: "Quem faz a entrevista não é o entrevistado, é o entrevistador, que não quer 'lacrar' em cima de você".