Monteiro criou grupo de 'espiões' para vigiar vereadores, diz ex-assessor
O vereador Gabriel Monteiro (PL) teria criado um sistema de "investigação" com então assessores para monitorar outros vereadores a fim de encontrar algo que pudesse minar sua popularidade, disse um ex-funcionário do parlamentar ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara. O UOL teve acesso ao depoimento.
O grupo aprovou, por unanimidade, um relatório favorável à cassação de mandato do vereador na última semana.
Segundo Vinicius Hayden, havia a orientação de seguir e mapear atividades dos vereadores, bem como monitorar agendas a fim de encontrar "alguém aqui que caísse em um vídeo dele fazendo rachadinha ou alguma coisa do gênero", detalhou o ex-assessor.
Em uma das atividades, Hayden seguiu o carro da vereadora Laura Carneiro (União Brasil). Ele contou sobre o episódio aos membros do Conselho:
"Houve perseguição nesse dia, né? Ao qual eu persegui o carro da subsecretária, para saber para onde ele ia, para verificar se havia um desvio de função", disse, e acrescentou que posteriormente Gabriel Monteiro pediu para o assessor "descobrisse a rotina dela" para encontrar algum ponto alvo de constrangimento.
"Eu comecei a descobrir que ela chega por volta de onze horas da manhã, toda vez que ela vai fazer uma viagem ela publica em diário para poder receber, acho, que alguma verba, alguma coisa de viagem e tudo mais", declarou Hayden.
O assessor prometera entregar um documento manuscrito de Gabriel Monteiro com as orientações, mas morreu em um acidente de carro dois dias antes da data agendada.
O UOL procurou a assessora do vereador a respeito das funções descritas por Vinícius Hayden e aguarda retorno.
Perda de mandato
No último dia 11 de agosto, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal aprovou o relatório do vereador Chico Alencar (PSOL) que pede a cassação de Gabriel Monteiro por quebra de decoro após denúncias de estupro, assédio, perseguição a colegas da Casa e outras condutas vistas como inadequadas para um parlamentar.
As condutas de Gabriel Monteiro que ferem a ética, de acordo com o relator, são:
- Filmagem e armazenamento de vídeo em que o mesmo pratica sexo com adolescente;
- Exposição vexatória de crianças por meio da divulgação de vídeos manipulados;
- Exposição vexatória, abuso e violência física contra pessoa em situação de rua;
- Assédio moral e sexual contra assessores do mandato;
- Perseguição a vereadores com a finalidade de retaliação ou promoção pessoal;
- Uso de servidores de seu gabinete parlamentar para a atuação em sua empresa privada;
- Denúncias contundentes de estupro por quatro mulheres que relatam o mesmo modus operandi.
Chico Alencar afirma, com base nas provas e testemunhas, que Monteiro usava seu mandato para obedecer a uma lógica própria, "dependente do tipo de atuação exibicionista e sensacionalista adotada por ele".
Os advogados de Monteiro, Pedro Henrique dos Santos e Sandro Figueiredo, afirmaram, em nota, que seu cliente é inocente e pediram o indeferimento e o arquivamento do processo. A defesa fala em "complô" contra o parlamentar.
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