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Com granada na mão, Jefferson disse a policiais: 'Corre que vou jogar'

Do UOL, em Brasília

24/10/2022 19h01Atualizada em 24/10/2022 19h40

O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) admitiu em depoimento à Polícia Federal que arremessou granadas e deu 50 tiros na direção de agentes que foram cumprir mandado de prisão contra ele no domingo (23).

Segundo suas próprias palavras, ele pegou uma granada e afirmou aos agentes que eles deveriam ir embora. "Corre que eu vou jogar em vocês", afirmou o presidente de honra do PTB. Ele admitiu ter jogado três artefatos.

A agente da PF Karina Miranda afirmou que o ex-parlamentar levantou a mão, mostrou a granada, "tirou o pino e ficou com ela na mão". "Vocês estão juntinhos aí vão machucar", disse Jefferson, de acordo com o depoimento da agente.

Os depoimentos foram tomados no Setor de Inteligência Policial da Superintendência da PF no Rio, ainda no domingo (23), data das agressão

Primeiro tiro. Jefferson disse que recebeu um tiro de um "policial mais velho". A agente Karina afirmou, porém, que foi o ex-deputado quem começou a atirar.

O político afirmou que disparou cerca de 50 tiros de fuzil 5.56 milímetros, da marca Smith Wesson, e que, "se quisesse", mataria os policiais, "pois estava em posição superior e com o fuzil na mira".

Acrescentou que chegou a mirar no policial, mas, naquela ocasião, não atirou, "pois acredita que os policiais que foram cumprir a busca não tinha [sic] culpa dos problemas que estavam acontecendo".

Arsenal. Jefferson disse que tinha um fuzil em casa e uma pistola 9 milímetros, e acrescentou que as granadas eram "de efeito moral".

Disse que não possui o "porte federal", mas que é dono "de 20 a 25 armas", todas adquiridas legalmente no Brasil, segundo ele.

Ele afirmou que todas as armas eram registradas e que possui certificado de registro (CR) no Exército. O UOL apurou que o registro do ex-deputado foi suspenso pelas Forças Armadas.

O ex-deputado ainda afirmou que chegou a possuir mais de 100 armas quando morava em Petrópolis (RJ). Segundo ele, houve um assalto de parte do arsenal pela facção Comando Vermelho. O político ainda disse que vendou "as armas mais poderosas, de calibre mais grosso".

O político se gabou de ser "um bom atirador de revólver" que efetua cerca de 500 disparos por semana.

Disse que não atirou para matar, e pediu para registrar um pedido de desculpas. O delegado presente na ação, porém, discorda. Em seu depoimento, disse que Jefferson assumiu o risco de matar ao efetuar 50 disparos de fuzil na direção dos agentes.

Críticas a outras apreensões. O presidente de honra do PTB disse ainda que não ia deixar a busca acontecer porque ele já tinha sido "humilhado" em outras buscas da PF feitas por ordem do Supremo.

Segundo Jefferson, nas ações anteriores, a polícia apreendeu celulares e tablets. O UOL apurou que, em 29 de maio de 2020, por exemplo, os policiais buscavam um fuzil com o ex-deputado, mas não localizaram.

Desavenças com ministros. Segundo Jefferson, sua desavença com os ministros do STF Alexandre de Moraes e Edson Fachin envolve o dinheiro para o fundo partidário. "Tudo iniciou de quando ele [Moraes] e o min. Edson Fachin começaram a limitar a cota do fundo partidário até chegar ao máximo de limitação (100%), visando desnutrir o partido", afirmou à PF.

Segundo Jefferson, ele "acabou se aproximando" de Jair Bolsonaro depois que identificou um "golpe" tramado pelos ex-presidentes da Câmara e do Senado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP). Ele não apresentou evidências desse possível golpe, e nunca houve qualquer indício de que os parlamentares pretendessem cometer tal ato.