PF diz não ter conseguido identificar integrantes de grupo que atacou STF
A Polícia Federal informou ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que não conseguiu identificar os integrantes — nem acessar as mensagens — do grupo "Caçadores de Ratos do STF", criado no Telegram com ataques a integrantes do tribunal.
O grupo entrou na mira dos investigadores após um de seus integrantes, o influencer Ivan Rejane Fonte Boa Pinto, ser preso em julho por gravar vídeos afirmando que "caçaria" os ministros.
Em parecer, a PF diz que o Telegram informou não ser possível acessar o conteúdo do grupo, que é privado, em razão de sua "estrutura técnica" e por sua política de privacidade. Segundo a empresa, somente os integrantes do grupo podem acessar, baixar e preservar as mensagens.
"A resposta apresentada pela empresa Telegram impossibilita a análise do teor de mensagens trocadas e a identificação de todos os integrantes do grupo no Telegram 'Caçadores de ratos do STF'", disse a PF.
O grupo era composto por ao menos 159 pessoas — entre elas o bolsonarista Ivan Rejane Fonte Boa Pinto, preso em julho após gravar vídeos em que disse que iria "caçar" integrantes do STF e lideranças de esquerda, como o ex-presidente Lula (PT).
Em agosto, Moraes mandou a PF identificar todos os integrantes do grupo e analisar as conversas trocadas entre eles. O objetivo seria averiguar a existência de possível organização criminosa.
À época, a descrição do grupo no Telegram dizia: "Grupo de pessoas dispostas a colocar pressão 24 horas em cima dos ratos do STF. Vamos caçar estes vagabundos em qualquer lugar que eles andem neste País. Sem violência física, mas com muita pressão moral. O objetivo é que os vagabundos entreguem a toga".
O Telegram informou ainda à PF que "apenas com o encaminhamento do número de telefone poderia fornecer os dados de 'caráter privado' de usuários ativos na plataforma".
Segundo a PF, não é possível usar o acesso de Ivan Rejane Pinto para entrar no grupo porque, embora o aplicativo estivesse instalado no celular do bolsonarista, as mensagens não estavam mais disponíveis.
"Conforme relatado na Informação de Polícia Judiciária, constatou-se que o aplicativo (app) de mensagens Telegram estava instalado no aparelho apreendido, entretanto, devido a alguma configuração no referido aplicativo, ou por algum comando manual do usuário do aparelho, ao se abrir o app verificou-se que os diálogos no Telegram não estavam disponíveis", disse.
Em relação às mensagens no WhatsApp, a PF disse que conseguiu identificar os dados cadastrais associados aos números com quem Ivan Rejane conversou pelo aplicativo. Um relatório à parte com os dados dos usuários foi entregue a Moraes.
"Caçada" a ministros e à esquerda
Identificado nas redes sociais como "Terapeuta Ivan" ou "Terapeuta Papo Reto", Ivan é simpatizante do presidente Jair Bolsonaro (PL). Em um dos vídeos, ele cita o feriado de 7 de Setembro e profere ameaças aos ministros do STF, ao ex-presidente Lula, à presidente do PT, Gleisi Hoffmann e ao deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ). Ao saber que seria detido, o youtuber teria resistido à prisão.
O pedido de prisão temporária foi feito pela própria PF, que alertou Moraes para o risco de Ivan promover "ações violentas" diretamente ou com a adesão de voluntários, "mediante inclusive a 'luta armada'", com o objetivo de destituir os ministros de suas funções.
"Eu vou dar um recado para a esquerda brasileira, principalmente pro Lula: o desgraçado põe o pé na rua, que nós vamos te mostrar o que nós vamos fazer com você, seu vagabundo do caralho, picareta, filho da puta. Anda com segurança até o talo, que nós da direita vamos começar a caçar você, essa Gleisi Hoffmann, esse Freixo frouxo do caralho", disse Ivan, em um dos vídeos entregues pela PF a Moraes.
A PF afirmou ainda que ele articulava "de forma concreta a reunião de pessoas para que, por meio de grave ameaça e violência, mediante inclusive a luta armada, cacem os ministros do Supremo Tribunal Federal para destituí-lo de suas funções judicantes". Em outro vídeo, Ivan diz que o ataque também atingiria familiares, mulheres e filhos dos ministros.
Na ocasião, a prisão de Rejane serviu de "recado" do Supremo a grupos extremistas que planejavam atos para o feriado de 7 de Setembro. Linha-dura, Moraes dizia a pessoas próximas que não toleraria ameaças e ataques como os proferidos por Ivan para o feriado da Independência.
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