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Especialista em extrema direita: Bolsonaro faz ação orquestrada de golpe

Colaboração para o UOL

01/11/2022 11h02Atualizada em 01/11/2022 13h37

João Cezar de Castro Rocha, historiador especializado em extrema direita, afirmou, em participação no UOL Entrevista, que o presidente Jair Bolsonaro (PL) está participando de uma ação orquestrada para tentar um golpe. Ele explicou que o silêncio do candidato derrotado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faz parte de uma estratégia para criar caos social.

O silêncio do Bolsonaro é uma ação orquestrada para tentar o golpe. Quem acompanha as redes do bolsonarismo, como eu, viu que, a partir das 19 horas do domingo, essa ação começou a ser orquestrada.
João Cezar de Castro Rocha, historiador especializado em extrema direita

"Quando a virada do Lula se solidificou, começou uma série de posts de convocação com três sentidos: não abandonar grupos bolsonaristas, ocupar as redes sociais e produzir manifestações que permitissem lançar mão do artigo 142. Então o silêncio do presidente não é omissão. É parte de uma ação orquestrada", comentou o historiador, que também é professor da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) e escritor.

O Artigo 142 da Constituição Federal regulamenta o papel das Forças Armadas e sua constituição, composta por Aeronáutica, Marinha e Exército. São instituições nacionais permanentes, "organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República".

Recorrer ao artigo 142 ajuda a estimular discursos golpistas por parte das alas radicais.Juristas ouvidos pelo UOL em 2020, quando Bolsonaro divulgou a ideia de que este artigo daria às Forças Armadas um poder de moderação, discordam da interpretação. Eles afirmam que as Forças Armadas não têm poder moderador, mas de segurança.

O historiador apontou que dois deputados eleitos recentemente participam da ação nas redes sociais: Nikolas Ferreira (PL) e Gustavo Gayer (PL).

"Desde que a derrota se tornou irreversível eles começaram uma campanha abjeta de produção de pânico social nas redes, com vídeos falsos. A estratégia é produzir caos consolidado durante 72 horas para dar chance de Bolsonaro recorrer ao artigo 142."

"Movimento dos caminhoneiros é financiado por poucos"

Castro Rocha também afirmou que o movimento é apoiado por poucas pessoas. E explicou que toda essa ação é financiada.

"O núcleo do movimento é obviamente de pessoas financiadas. Eu aposto que tem caminhões vazios usados só para obstruir rodovias. Claro que parece um movimento orgânico, mas é insignificante".

"Extrema direita conquista público porque gera lucro"

Ao explicar o crescimento da extrema direita no mundo, João Cezar de Castro Rocha explicou que o aspecto financeiro é decisivo.

"A extrema direita conquista corações e mentes porque toca no bolso das pessoas. A extrema direita triunfa porque trouxe para a arena da política a monetização da economia digital. Ser bolsonarista assegura para você um público de 59 milhões de pessoas", explicou o historiador.

O UOL Entrevista vai ao ar às segundas e quintas-feiras, às 10h.

Onde assistir: ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja o UOL Entrevista na íntegra: